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Bem-estar animal

Coelhos domésticos: bem-estar

- parte 3

Matéria escrita por:

Isabelle Tancioni

18 de set de 2021

Créditos: Anikakodydkova Créditos: Anikakodydkova

Os coelhos domésticos têm se tornado cada vez mais populares no Brasil, e estima-se que aproximadamente 468.000 desses animais convivam com seres humanos com o status de animais de estimação 1. Para que os médicos-veterinários possam lhes dar a devida assistência, é importante que se conheça melhor o padrão de resposta comportamental herdada de seus ancestrais selvagens e também os quesitos associados ao seu bem-estar. Deve-se ressaltar que os parâmetros de bem-estar normalmente aplicados em relação aos coelhos são provenientes da criação comercial. Nessas circunstâncias, geralmente visam ganho rápido de peso e não podem ser extrapolados para os coelhos que são mantidos como animais de estimação 2.

Dessa forma, é extremamente importante ter conhecimento sobre a associação do padrão comportamental com os pilares de bem-estar que promovem a saúde física, mental e emocional dos coelhos domésticos. Para isso, os aspectos relacionados à domesticação e aos comportamentos normais dos coelhos domésticos foram abordados na primeira e na segunda parte desta série especial, em artigos publicados nas edições 152 e 153 3,4. Esta terceira parte tem como finalidade auxiliar os médicos-veterinários a entender melhor os pilares do bem-estar do coelho doméstico. Neste artigo encontram-se as recomendações mais atualizadas da Rabbit Welfare Association & Fund (Associação e Fundação do Bem-Estar do Coelho – RWFA) e da Royal Society for the Prevention of Cruelty to Animals (Sociedade Real de Prevenção da Crueldade contra os Animais – RSPCA) referentes ao bem-estar de coelhos 5.

 

A interação da estruturação do bem-estar com o estado emocional

Com base no Animal Welfare Act (Ato de Bem-estar Animal) de 2006 6, os cinco pilares essenciais para o bem-estar dos coelhos estão relacionados às necessidades de: 1) prover um ambiente apropriado; 2) oferecer uma dieta adequada; 3) permitir a exibição de padrões de comportamentos normais; 4) estar alojado com animais da mesma espécie e protegido de outras espécies de animais; e 5) estar protegido de dor, sofrimento, injúrias e doenças 7,8.

Para avaliar o estado emocional, usa-se um método baseado na Estrutura de Cinco Domínios, que contém quatro domínios físicos ou funcionais, sendo que três deles estão relacionados à sobrevivência e consistem em: nutrição (água e dieta balanceada), ambiente (confortável, seguro e agradável) e saúde (boa saúde e condição física). Já o quarto está associado ao comportamento que se vincula aos fatores circunstanciais e à capacidade de o coelho expressar comportamentos recompensadores 9.

Todos esses domínios estão conectados e modulam o quinto domínio, o estado emocional, que é o resultado do equilíbrio entre os fatores negativos e os fatores positivos associados aos quatro domínios físicos 10 (Figura 1).

 

Figura 1 – Avaliação do bem-estar dos coelhos por meio da Estrutura dos Cinco Domínios. Adaptada 9

 

Para aumentar a qualidade do bem-estar, é necessário reduzir os fatores negativos a níveis muito baixos e permitir que os animais tenham oportunidades de vivenciar os fatores positivos 9. Altos níveis de bem-estar não estão relacionados à ausência de fatores negativos, e sim à habilidade do coelho para lidar com esses fatores, mantendo um estado mental positivo 10. Na seção abaixo, descreve-se a conexão entre esses domínios e como o manejo pode promover os fatores positivos e diminuir a presença dos fatores negativos na vida do coelho.

 

Conexões entre a dieta, o ambiente, a companhia e o bem-estar de coelhos 

O conhecimento sobre os parâmetros associados ao bem-estar dos coelhos auxilia o médico-veterinário a aplicar abordagens amigáveis a esses animais, conhecidas também como abordagens sem estresse e sem medo 5,11,12. Apesar de alguns coelhos serem considerados animais de estimação e supostamente apresentarem um status comparável ao do cão e do gato, muitos são mantidos em gaiolas pequenas, com uma dieta inadequada, e somente alguns têm acesso a cuidados veterinários 2,13.

A redução do bem-estar associada à inadequação da habitação, da alimentação, do manejo e da socialização, bem como a falta de cuidados associada à restrição de conhecimentos dos tutores e dos médicos-veterinários, são fatores que contribuem para a diminuição da expectativa de vida dos coelhos 14.

Além disso, um estudo recente mostrou que abordagens que visam alterar as percepções dos tutores sobre a inteligência, o estado emocional e a capacidade de sentir dor dos coelhos podem ser excelentes ferramentas para melhorar os aspectos relacionados ao bem-estar desses animais 15.

As diretrizes da House Rabbit Society (Sociedade dos Coelhos Domiciliados – HRS) recomendam que os coelhos sejam abrigados no interior das casas 16. Os motivos pelos quais se alojam os coelhos no interior dos domicílios estão relacionados ao aumento do vínculo entre seres humanos e animais, ao maior controle da temperatura do ambiente, à proteção de predadores e à redução da exposição a vírus letais, como mixomatose e vírus da doença hemorrágica do coelho 9,16,17. No Brasil, há relatos de casos de infecção de coelhos domésticos pelo vírus da mixomatose, para a qual até o momento não há vacina disponível 18; portanto, é importante alertar os tutores que abrigam seus coelhos em ambientes externos para a possibilidade desse tipo de risco 2. No entanto, os coelhos que habitam exclusivamente o interior de casas ficam impedidos de pastar em áreas externas, têm menores chances de serem alimentados com feno, estão expostos a ciclos de dia e noite anormais, apresentam comportamentos indesejáveis e destrutivos, como cavar, têm menores chances de ter outro coelho como companhia e não têm acesso à luz solar, ou apenas à luz solar filtrada pelos vidros da janelas 2. Todos esses fatores podem afetá-los física e emocionalmente 9.

A própria história da domesticação de coelhos está associada ao fato de muitas pessoas os manterem em recintos pequenos conhecidos como coelheiras 2. Os recintos vendidos nas lojas são relativamente pequenos em relação aos fabricados manualmente 19. Apesar de não existirem leis associadas ao tamanho do recinto dos coelhos de companhia, muitos deles são mantidos em locais menores que aqueles exigidos por órgãos que regulamentam tanto a produção de coelhos em escala industrial como a experimentação feita com esses animais 8. Não é surpreendente que muitas pessoas acreditem que o comportamento apático de um coelho é normal, uma vez que coelhos mantidos em recintos pequenos apresentam uma aparência depressiva 2.

Os recintos devem permitir que o coelho exiba seus comportamentos normais, associados às atividades de saltar, correr, cavar, alongar o corpo tanto ao chão quanto na orientação vertical sob as patas traseiras, esconder-se, explorar, brincar e pastar 3-5. Tanto o espaço quanto os itens contidos nessa área são essenciais para incentivar que ele exiba seus comportamentos normais 5,20. Para isso, sugere-se que o recinto destinado a ele tenha no mínimo a medida de 3 a 4 saltos do coelho como comprimento, e que ele possa se deitar e se levantar sem se curvar 8. A RWAF recomenda que o tamanho do recinto tenha 1,80m de comprimento, 60cm de profundidade e 60cm de altura e esteja conectado a uma área de exercício de 2,40m por 1,80m de largura 9. Ter uma área de exercício disponível é muito importante, já que o pico de atividade desses animais é observado nos períodos de crepúsculo 5. As diretrizes atualizadas da RSPCA e da RWAF recomendam que as dimensões do recinto para dois coelhos sejam no mínimo de 3m de comprimento por 2m de largura e 1m de altura 5.

A HRS disponibiliza várias opções de espaços estruturados para coelhos e que possam se adequar ao estilo de vida dos tutores (Figura 2) 16. Os animais que não têm acesso a uma área de exercício conectada ao seu recinto precisam de pelo menos 4 horas de atividade por dia, que deve ser promovida nos horários em que eles estão mais ativos 2. É crucial manter a temperatura entre 15 e 24°C 8. Temperaturas superiores a 22°C resultam na redução de ingestão de comida, e em ambientes com temperaturas acima de 27°C observam-se sinais de estresse térmico 11, considerado uma das principais causas de redução de bem-estar 21.

 

Figura 2 – Recinto feito com cercados de cães. No interior há caixa de feno, pote de água, lugar para esconderijo e brinquedos. A porta do recinto aberta garante livre acesso a uma área maior. Créditos: Isabelle Tancioni

 

É importante que o recinto disponha de uma área confortável onde o coelho possa se deitar e que contenha um substrato que promova a atividade de pastar 8. Podem-se usar pequenos cochos com feno (Figura 3), porém os coelhos geralmente preferem comer o que está sobre o piso, comportamento mais próximo ao seu modo normal de pastar 9,22. Para encorajá-los a comer, os tutores podem fornecê-lo de diversas maneiras 23. Recomenda-se que o recinto tenha uma caixa de plástico contendo feno, que também é frequentemente usada por eles como caixa sanitária (Figura 4) 16.

 

Figura 3 – Pequeno cocho com feno. Créditos: Isabelle Tancioni

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Figura 4 – Caixa de feno. Créditos: Isabelle Tancioni

 

Dessa forma, podem-se colocar no recinto caixas de plástico similares às usadas como caixas de areia para gatos para treinar o coelho a urinar e defecar nesse recipiente 16. Recomenda-se usar material absorvível, como papel picado ou granulado de pó de madeira, como camada inferior, e feno na camada superior, para que o animal possa comer 2,16. É importante considerar que qualquer material pode ser ingerido pelo coelho, e, portanto, não se deve deixar materiais tóxicos e indigestos ao seu alcance. A serragem libera compostos fenólicos que, quando aspirados, podem causar danos hepáticos ao animal, razão pela qual não deve ser utilizada 16. Além disso, os materiais comercializados como areias para gatos devem ser evitados, pois podem causar obstrução intestinal e problemas respiratórios 2,16,24. Aconselha-se limpar o recinto e a caixa de feno diariamente ou assim que seja necessário, para evitar acúmulo de resíduos e também eliminar odores que podem afetar a saúde do animal 2. Diferentemente dos gatos, que normalmente pulam das caixas de areia logo após enterrar seus dejetos, os coelhos podem passar longos períodos de tempo na caixa sanitária e até deitar-se em seu interior (Figura 5) 25.

 

Figura 5 – Coelho deitado na caixa de feno. Créditos: Isabelle Tancioni

 

É fundamental enriquecer o ambiente com estímulos a fim de prevenir o tédio 2,9. Por isso, é imprescindível oferecer acessórios que façam com que o coelho possa se mover verticalmente, como também esconder-se, cavar e roer 2,16. Devem-se disponibilizar objetos que sirvam como plataformas, feitos de materiais robustos o suficiente para suportar o peso do animal. Com isso, ele pode demonstrar comportamentos normais associados à avaliação do ambiente, em que exibe a extensão do corpo, sustentado pelas patas traseiras 26. Pelo fato de serem presas, é importante oferecer lugares onde os coelhos possam se esconder em caso de se sentirem ameaçados, para evitar que se estressem 2. Apesar de os coelhos domésticos não precisarem cavar túneis para se esconder dos predadores, podem-se usar almofadas e colchas como substratos para que eles exerçam essa atividade 25. Eles exibem esse comportamento quando estão explorando novos ambientes, quando querem tornar o ambiente mais confortável ou quando estão estressados ou querem chamar a atenção 27. Além disso, o ato de cavar auxilia o desgaste das unhas, que crescem continuamente 27. Portanto, esses animais precisam de um lugar onde cavar, seja no jardim ou até em uma caixa de papelão 2. No piso, recomenda-se colocar materiais antiderrapantes, como tapetes, lençóis e piso emborrachado infantil 16,28. Pela própria anatomia das patas dos coelhos, não se devem usar pisos aramados ou fenestrados, que não permitem que eles se movimentem normalmente, predispondo-os a desenvolver pododermatites e também aumentando as chances de quebrarem as unhas 2 – infelizmente, é o que mais se observa nos locais que os comercializam 2. Coelhos tendem a roer cabos elétricos. Desse modo, caso os animais tenham acesso a esses cabos, eles devem ser revestidos para evitar acidentes 2,16.

A dieta ideal dos coelhos domésticos é baseada no conhecimento sobre a alimentação de coelhos selvagens, que consiste predominantemente em forrageiras, compostas na maior parte por gramíneas com uma pequena proporção de leguminosas, juntamente com brotos, galhos e cascas de árvores que podem ser consumidos dependendo da disponibilidade de gramíneas 29. Já os alimentos mais calóricos, como frutas e cereais, são consumidos em pequenas quantidades 29. De modo semelhante, a dieta dos coelhos domésticos consiste em uma variedade de forrageiras, principalmente as gramíneas, denominadas também como capim 9. Uma vez que os coelhos selvagens passam 70% de seu tempo ativo comendo forrageiras, idealmente, os domésticos deveriam ter acesso a locais contendo uma variedade de gramíneas e diferentes espécies de plantas 29,30.

Em outras palavras, os coelhos são mais precisamente classificados como fibrávoros  (fibrevores em inglês), ou ainda graminívoros (graminivores em inglês), uma vez que dependem da ingestão de plantas com alto teor de fibras e pouca energia (gramíneas) 22,31. Precisam passar boa parte de seu tempo ativo comendo 2,9, o que é impraticável para a maioria dos tutores; é importante fornecer-lhes forrageiras de forma ilimitada 7. Como a maioria dos tutores não têm pastos onde obter capim fresco, é necessário oferecer esse alimento na forma desidratada, conhecida como feno 2. Geralmente, forrageiras como as gramíneas contêm um alto teor de fibras, são muito palatáveis e têm uma quantidade maior de sílica, que é importante na manutenção do desgaste dos dentes 2,9,16. Há vários brinquedos no mercado que são erroneamente indicados para o desgaste dos dentes dos coelhos; os materiais abrasivos e mesmo os alimentos classificados como duros não motivam esses animais a desgastar os dentes, e portanto são ineficientes para essa finalidade 9. A RWAF afirma que a composição da dieta adequada a um coelho consiste em 85% de feno, 10% de verduras verdes, 5% de ração e água à vontade 32,33. Uma dieta mal balanceada pode ocasionar problemas gastrintestinais, dentários e urinários, obesidade e também problemas comportamentais 8.

O feno deve apresentar um aroma adocicado e agradável, ter uma coloração esverdeada, não apresentar mofo e estar cortado em pedaços maiores que 10cm, já que pedaços longos são mais atrativos para o coelho 9. Quando o capim ou feno são cortados em pedaços muito pequenos, não estimulam uma variedade de atividades comportamentais associadas ao ato de pastar do animal 9. O consumo de forrageiras pode influenciar o seu comportamento, visto que aqueles que as consomem passam mais tempo ativos que os animais que comem somente ração ou muesli, alimento normalmente encontrado em lojas, que contém uma mistura de ração, milho, aveia, trigo, flocos de ervilha e pedaços ricos em amido 9,34. Já os coelhos que se alimentam exclusivamente de ração comem mais rapidamente o alimento, resultando em uma redução para apenas 8% no tempo gasto com alimentação 35. As forrageiras não só são essenciais para a dieta como também funcionam como ferramentas de enriquecimento ambiental, já que os coelhos que as consomem interagem por tempo mais longo e apresentam uma redução na expressão de comportamentos anormais, quando comparados com animais que são alojados com outros objetos que também visam prover o enriquecimento ambiental, como gravetos e caixas 36. Visto que os coelhos evoluíram para passar a maior parte de seu tempo ativo pastando, a incapacidade de expressar esse comportamento resulta em maior tempo de inatividade, no redirecionamento para outros tipos de comportamento, como morder tapetes e consumir elementos presentes na cama do recinto, e no aumento de tédio e frustração associados a comportamentos estereotipados 34,35,37. O comportamento estereotipado é realizado repetidamente de maneira fixa e não está associado a algum estímulo específico ou objetivo 9. Essas alterações comportamentais podem incluir automutilação, lambedura excessiva da pelagem, mordedura de barras da gaiola e de outros objetos, movimentos da cabeça para a frente e para trás, patadas na gaiola e andar em círculos 9.

As verduras podem ser oferecidas diariamente em quantidade limitada, já que o teor de fibras é relativamente baixo. A introdução de novas verduras deve ser realizada gradualmente para permitir que a microbiota cecal se adapte 29. As verduras que podem ser oferecidas incluem: brócolis, repolho, chicória, acelga, couve, salsinha, coentro, agrião, salsão, escarola, radicchio, rúcula, acelga-chinesa (bok choy), manjericão, alface (exceto alfaces de folhas claras, como a alface-americana), e ramas de cenoura e beterraba (Figura 6) 16,29. Plantas silvestres como dente-de-leão, tanchagem, serralha, trevo-vermelho, trevo-branco, mil-folhas, folhas de amoras-silvestres e capim-pé-de-galinha, entre outras, podem ser oferecidas aos coelhos 29.

 

Figura 6 – Coelho alimentando-se de várias folhas e talos de diferentes verduras. Créditos: Isabelle Tancioni

 

Considerando que é necessário prover uma variedade de 5 a 7 tipos de verduras e diversos tipos de plantas forrageiras para garantir a ingestão de micronutrientes adequados, a dieta deve ser suplementada com quantidades limitadas de ração 16,29. Há uma variedade de rações para coelhos no mercado, porém poucas delas são apropriadas 2,9,16. Essas rações inicialmente foram desenvolvidas para coelhos destinados à produção animal com o objetivo de promover rápido ganho de peso 16. As rações destinadas a roedores conhecidas como muesli contêm um alto teor de carboidrato e gordura, resultando em maior digestibilidade e conversão em energia 38. Consequentemente, desencadeiam ganho de peso e obesidade, e, dessa forma, não são recomendadas 2,9. Além disso, a ingestão de muesli também está associada ao desenvolvimento de problemas dentários 39. Atualmente, encontram-se no mercado rações com alto teor de fibra (superior a 20%) e também rações recomendadas para coelhos que apresentam certos quadros clínicos como obesidade e distúrbios nos tratos gastrintestinal e urinário 2. Recomenda-se oferecer apenas de 15 a 25g/kg/dia de ração na refeição seguinte, caso a quantidade da refeição anterior tenha sido totalmente consumida 29. Sabe-se que fatores ambientais (temperatura, umidade), regime de exercícios, raça, idade, sexo e o status reprodutivo podem influenciar os requerimentos energéticos; portanto, é importante acompanhar o peso do coelho, como também avaliar constantemente o escore da condição corporal para ajustar apropriadamente a quantidade de ração 29,38,40. Além disso, aconselha-se que a ração seja oferecida na parte da noite, para prevenir comportamentos indesejáveis e estereotipados, como roer a mobília e morder as barras do recinto 2,41. Os veterinários da RWAF recomendam que a ração seja usada ocasionalmente, como petisco, e também para incentivar comportamentos desejáveis 9,42.

Frutas como maçã, banana, melão, pera, pêssego, ameixa, abacaxi, morango, mirtilo e framboesa, por conter alto teor de carboidrato, podem ser oferecidas ocasionalmente, como petiscos 16. Há no mercado outros petiscos adequados que contêm um alto teor de fibras, ervas secas e pequenas quantidades de frutas 29. Muitos dos petiscos disponíveis comercialmente são ricos em carboidratos e/ou gordura, e portanto não são apropriados para os coelhos 2. Além disso, não se deve oferecer alimentos comumente produzidos para consumo humano, como pães, bolos, biscoitos e cereais, assim como produtos contendo leite 2,29. Alimentos como batata, sementes e grãos, como milho, lentilhas e feijões, também não devem ser dados como alimentos aos coelhos 2,16, nem cebola, abacate, ruibarbo, chocolate e caroços de frutas, que são tóxicos 2.

A ingestão diária de água pode variar entre 50 e 150mL/kg; dessa forma, um coelho de 2kg ingere a mesma quantidade de água que um cão de 5kg 2,43. Para mimetizar o comportamento normal dos coelhos, recomenda-se oferecer água à vontade, em potes 44. Os potes de cerâmica são recomendados para manter a água fresca e também por serem pesados, evitando assim que os coelhos os derrubem (Figura 7) 16.

 

Figura 7 – Água oferecida em pote de cerâmica. Créditos: Isabelle Tancioni

 

A tradição de manter os coelhos de forma solitária está associada à implementação de medidas para conter possíveis contágios de doenças infecciosas em criações comerciais de produção de carne, pele ou pelo 2. Uma pesquisa com 912 tutores na Holanda mostrou que a média de vida de coelhos solitários era de aproximadamente 4,2 anos, isto é, aproximadamente três vezes menor que o potencial da vida útil, sugerindo que a ausência de companhia pode reduzir a sua expectativa de vida 45. Um outro estudo com coelhos alojados em abrigos no Reino Unido mostrou que o alojamento desses animais em pares está associado a redução do estresse, melhoras na termorregulação e diminuição de mordidas nas grades do recinto, quando comparados com coelhos alojados individualmente 46.

Outros estudos mostraram que o uso de espelhos pode promover o enriquecimento ambiental e diminuir o tempo de inatividade de coelhos solitários 47. Apesar de esse artifício resultar em algum benefício para o bem-estar desses animais, não se recomenda que esse procedimento seja usado por um longo período, pois não substitui todos os estímulos associados à companhia de outro coelho 48.

Três renomadas organizações do Reino Unido, RSPCA, RWAF e British Small Animal Veterinary Association (Associação Britânica de Veterinários de Pequenos Animais – BSAVA), recomendam que um coelho deve ser alojado na companhia de outro animal da mesma espécie, para garantir que todos os fatores associados ao seu bem-estar sejam alcançados 48,49. Para isso, é essencial que eles sejam castrados, pois esse procedimento é importante tanto para a sua saúde, pois previne doenças associadas ao trato reprodutivo, quanto para o seu bem-estar 11,50,51. Os profissionais dessas organizações ressaltam que os animais devem ser compatíveis e exibir comportamentos positivos entre si de forma frequente 5,14, pois a companhia de coelhos incompatíveis resulta no aumento de estresse 5.

Os coelhos podem conviver com certas espécies de animais, contanto que não apresentem comportamentos predatórios em relação a eles e nem pratiquem bullying entre si 9,49. Como eles são presas, a companhia de cães e gatos, que são animais predadores, deve ser supervisionada 9,16,49. Os coelhos exibem aversão a odores associados a predadores como os furões, que podem desencadear neles altos níveis de estresse e medo, fazendo com que reajam com respostas instintivas de fuga e agressividade 9. De modo geral, eles normalmente exibem sinais mais intensos de medo e estresse quando sentem odores de furões do que aos odores de cães e gatos 2. Já com o auxílio de treinamento, a introdução de um cão na vida de um coelho pode ser segura 9,52. Algumas raças de cães foram selecionadas para perseguir e matar pequenos mamíferos; dessa forma, não se recomenda colocar um coelho na presença de cães dessas raças 7,53. Muitas pessoas que adotam coelhos já possuem gatos, que normalmente não se comportam de maneira predatória, porém é desaconselhável introduzir um coelho muito pequeno, do tamanho de um rato, no mesmo recinto que um gato 16. A maioria dos tutores de gatos e coelhos relatam que seus animais convivem pacificamente 9 (Figura 8). Existe uma falsa ideia de que coelhos e porquinhos-da-índia podem ser companheiros ideais, porém é importante salientar que ambas as espécies requerem dietas diferentes, já que os porquinhos-da-índia necessitam de fontes de vitamina C 9. Os coelhos e porquinhos-da-índia têm comportamentos sociais diferentes, que podem desencadear problemas de comunicação entre eles, resultando em situações de estresse e frustração 7,9. Além disso, os porquinhos-da-índia podem adoecer severamente devido à infecção provocada por patógenos respiratórios que podem ser transmitidos pelos coelhos 54.

 

Figura 8 – Convivência pacífica entre gatos e o coelho. Créditos: Isabelle Tancioni

 

A importância da identificação da dor para o bem-estar de coelhos

A experiência da dor é multidimensional e está associada a alterações fisiológicas e comportamentais 55 cuja identificação pelos tutores e médicos-veterinários é crucial 8,14,15. Detectar a dor é essencial tanto para sanar as questões éticas quanto para ajudar a resolver comportamentos indesejáveis. Os coelhos são animais que mascaram os sinais de dor, tornando essa tarefa mais difícil 56. Frequentemente, as mudanças de comportamento associadas à dor em coelhos incluem redução nas atividades de movimentação, salto, exploração e interação com os objetos, como também o aumento de tempo na postura de decúbito ventral e a exacerbação de lambeduras na área afetada, além da presença de contrações musculares 57,58. No entanto, o reconhecimento da dor pode ser influenciado por fatores relacionados ao indivíduo, à idade e também à subjetividade do observador 56. Um estudo recente mostrou que os coelhos evitam demonstrar comportamento de dor na presença de um observador 58. Uma análise de respostas de 151 pessoas mostrou que a maioria delas são incapazes de avaliar alterações comportamentais associadas à dor em coelhos 59. Outro estudo realizado com veterinários na Nova Zelândia mostrou que a maioria dos respondentes admitem saber muito pouco sobre o reconhecimento e o tratamento da dor em coelhos 60. Uma pesquisa contendo quase mil respostas de veterinários do Reino Unido mostrou que apenas 22% medicavam pequenos mamíferos, inclusive coelhos, com analgésicos após procedimentos cirúrgicos 61. Apesar desses dados, os médicos-veterinários parecem estar mais atentos ao tratamento da dor desses animais, já que a administração de analgésicos em coelhos aumentou de 16 a 50% em um intervalo de 10 anos 62. Mesmo com a existência de escalas que avaliam a dor em coelhos, poucos clínicos usam essas ferramentas. Sabe-se que as mudanças na expressão facial podem auxiliar a identificar a dor em coelhos 63. Em 2020, uma escala de dor quantitativa foi publicada a fim de auxiliar profissionais da clínica médica a avaliar a dor em coelhos 64. Com o intuito de prevenir e reduzir a dor, especialistas sugerem a utilização de protocolos analgésicos apropriados e de uma abordagem multimodal com a administração de diferentes tipos de analgésicos 56.

 

Promoção de cuidados gerais e de visitas regulares ao médico-veterinário

É importante que os médicos-veterinários aconselhem os tutores a levar seus coelhos para exames regulares e preventivos anualmente 2. Sabe-se que os coelhos de 44% dos tutores no Reino Unido não têm registros em clínicas veterinárias 2. Em relação aos cuidados gerais, ao crescer, as unhas dos coelhos podem facilmente quebrar e ser foco de infecção, razão pela qual é necessário cortá-las mensalmente 8. De modo geral, os coelhos trocam de pelo duas vezes por ano – processo esse que se inicia na cabeça, espalhando-se para o restante do corpo –, e precisam de auxílio para a remoção dos pelos, que pode ser realizada por escovação 2. A pelagem deve ser regularmente escovada com uma escova de cerdas macias, e os coelhos de pelos longos devem ser escovados diariamente 2,16.

 

Considerações finais

Assim como outros animais, os coelhos são animais complexos. De modo geral, ter um coelho como animal de estimação demanda mais recursos do que normalmente se imagina 2. O conhecimento sobre os alicerces do bem-estar, assim como sobre a linguagem e o comportamento dos coelhos, é crucial para que o médico-veterinário consiga identificar, prevenir e tratar problemas comportamentais desses animais, estabelecendo abordagens amigáveis em relação a eles. É importante que ele esteja apto a detectar problemas comportamentais que podem ser a primeira indicação de doença ou lesão. Além disso, o profissional da medicina veterinária tem papel fundamental na educação dos tutores sobre os comportamentos normais e anormais de seus coelhos e na sua conexão com o bem-estar desses animais.

 

Agradecimentos

O conteúdo deste manuscrito foi revisado por Carine Diaz. O médico-veterinário Renato Silvano Pulz foi responsável pela revisão técnica. Crédito das fotos: Isabelle Tancioni e Jaimie Alexander. Todos os coelhos mostrados nas fotos foram resgatados pela San Diego House Rabbit Society (SDHRS). Os gatos das fotos foram resgatados pela San Diego Humane Society (SDHS). Agradeço aos funcionários e voluntários da SDHRS pela oportunidade de treinamento que tenho feito nesse abrigo especializado em coelhos, localizado na cidade de San Diego, Califórnia, EUA, desde 2018.

 

Referências

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