O Congresso Animal Health reuniu diversos profissionais de excelência durante três dias, para debater e atualizar os congressistas a respeito dos avanços e dos assuntos mais importantes da medicina veterinária em nosso país.

No auditório dedicado à medicina veterinária do coletivo, profissionais que desenvolvem seu trabalho nas diversas áreas relacionadas como medicina veterinária de desastres, saúde coletiva, direito animal, direito médico-veterinário, medicina veterinária legal, medicina de abrigos e medicina de povos originários e tradicionais, ofereceram seu conhecimento e experiência para os participantes que, assim, puderam se aprimorar ainda mais.

Os três dias do evento foram organizados de modo a oferecer grades abrangentes e relacionadas, permitindo uma profunda imersão nos assuntos.

O primeiro dia foi dedicado à medicina veterinária de desastres.

­

­

­

­

­

A professora da Faminas, dra. Laiza Bonela Gomes, presidente da Comissão Nacional do CFMV de Desastres em Massa Envolvendo Animais, membro da Comissão Estadual de Saúde Única e Medicina Veterinária do Coletivo do CRMV-MG e integrante do IMVC, ofereceu de forma dinâmica e animada uma apresentação geral a respeito do que os médicos-veterinários precisam conhecer para atuar de forma competente e responsável em situações de desastres.

A dra. Valéria Ruoppolo, experiente reabilitadora de fauna silvestre oleada em todo o mundo, diretora da Aiuká, membro da Equipe de Resgate de Animais do International Fund for Animal Welfare (IFAW) e do International Bird Rescue Response Team, vice-presidente do Instituto Mar e vice-diretora do Global Oiled Wildlife Response System (GOWRS), compartilhou com os presentes sua experiência com gerenciamento e resposta à fauna em derramamentos de petróleo no Brasil e no mundo, além da sua participação em desastres com extravasamento de dejetos como em Brumadinho, MG, entre outros.

A professora dra. Cecília Boller Bissoli da UFLA e coordenadora de fauna, com larga experiência junto à Fundação Renova após o rompimento da barragem do Fundão em Mariana, MG, compartilhou seus conhecimentos a respeito do resgate técnico de cães e gatos em desastres e o gerenciamento de propriedade mantenedora na fase de recuperação.

A professora dra. Paula Helena Santa Rita da UCDB, membro do CNDM do CFMV e do Gretap de Mato Grosso do Sul compartilhou sua importante experiência em situações de desastres, sobre quando e como os resgates de animais silvestres devem ser organizados e desenvolvidos para que ocorram com máxima eficiência.

O professor da Uniso, dr. Leonardo Maggio de Castro, do CNDM do CFMV e do CRMV-SP, apresentou uma atualização sobre equipamentos e técnicas para o resgate de grandes animais, fortemente impactados em situações de desastre, na palestra “Uso de tecnologias para o resgate técnico de animais de grande porte em situações de desastres”.

Para finalizar esse grande dia, uma mesa-redonda sobre a atuação integrada e intersetorial entre órgãos e profissionais e a perspectiva para respostas a desastres envolvendo animais domésticos e silvestres no Brasil contou com a participação de Vanessa Negrini, diretora do Departamento de Proteção, Defesa e Direitos Animais do Ministério do Meio Ambiente; Fernando Raimundo Schunig, coordenador estadual da Defesa Civil do Paraná; Claudia Andrea Bemi, diretora do Departamento Estadual de Proteção e Defesa Civil do Estado de São Paulo; Adriano José Barufaldi, major do Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo; e Roberto Cabral, analista Ambiental do Ibama.

A medicina veterinária de desastres vem se expandindo no Brasil pelo grande número de desastres que vêm ocorrendo, e também pelo empenho, dedicação, desejo de evolução, união e competência dos profissionais que atuam nessa área.

No cenário atual é possível encontrar conteúdos de alta qualidade, tanto teóricos em publicações e digitais, como palestras e cursos teórico/práticos oferecidos por instituições de ensino e entidades de classe. 

Quanto mais bem capacitados os médicos-veterinários estiverem, melhor será a qualidade do atendimento que prestarão nas situações de desastres que requerem rapidez e eficiência, não somente técnica, mas também operacional e emocional.

­

­

­

­

­

­

­

­

O segundo dia do congresso foi dedicado ao direito medico-veterinário e animal, à medicina veterinária legal e à demografia veterinária.

O médico-veterinário e advogado José Alfredo Dallari Junior apresentou um panorama atual do direito médico-veterinário e as perspectivas futuras.

O professor dr. Vicente Ataíde da Faculdade de Direito da UFPR e juiz federal abordou a  questão  da  judicialização  da  medicina  veterinária atual e desdobramentos esperados, além de discutir as bases do direito animal.

A médica-veterinária e perita do Instituto de Criminalística de São Paulo Alessandra Maria Dias Lacerda apresentou uma avaliação a respeito da negligência na prática veterinária.

Fabio Fernando Ribeiro Manhoso, vice-presidente do CRMV-SP e coordenador do Curso de Medicina Veterinária da Universidade de Marília, apresentou as causas dos processos éticos que médicos-veterinários têm sofrido.

Rosemary Viola Bosch, da Comissão de Responsabilidade Técnica do CRMV-SP, compartilhou com os presentes a importância da atenção e dos cuidados que os médicos-veterinários devem ter na sua rotina para a prevenção de processos éticos.

A professora Ana Tasaka, da Comissão de Medicina Veterinária Legal do CRMV-SP e professora da Unip e da USCS, abordou sua experiência como mediadora e a importância da boa comunicação e do relacionamento interpessoal para a prevenção de processos éticos.

O segundo dia foi encerrado com a brilhante palestra do professor Felipe Wouk sobre a importância do conhecimento a respeito da demografia da medicina veterinária no Brasil a partir dos resultados obtidos no livro Demografia da medicina veterinária no Brasil, de 2022, da qual é o autor. A obra pode ser gratuitamente baixada em formato pdf pelo link https://www.revistaclinicaveterinaria.com.br/produto/wouk-demografia/ 

­

­

­

­

­

A delegada Renata Cruppi apresentou sua experiência
relacionada a situações de violência doméstica contra mulheres e animais e os bons resultados do programa “Homem sim, consciente também”. Créditos: Divulgação AHEF

­

­

­

­

No terceiro dia do congresso, nosso auditório contou com temáticas de saúde coletiva, como esporotricose, medicina de abrigos, violência e acumulação, mas também de bem-estar profissional

Na primeira palestra, a médica-veterinária Rosangela Gebara abordou as causas, consequências e prevenção do abandono de cães e gatos, questões diretamente relacionadas com a saúde coletiva.

O professor Marconi Rodrigues de Farias compartilhou sua importantíssima experiência à frente do grupo de controle, tratamento e prevenção da esporotricose da PUCPR.

Na palestra de Paulo Abílio Varella Lisboa do ICTB/Fiocruz e do CRMV-RJ, pôde-se aprender sobre as estratégias de saúde única no manejo de gatos de vida livre no enfrentamento da esporotricose zoonótica.

A professora Laiza Bonella Gomes e Renata Cruppi, delegada de polícia e coordenadora do Núcleo Especial Criminal de Diadema, apresentaram os pontos mais importantes referentes à conexão entre a violência doméstica e os maus-tratos aos animais (Teoria do Elo). Renata Cruppi, que é coordenadora do programa “Homem sim, consciente também”, apresentou ainda o programa e seus resultados positivos.

Danielle Magalhães, da Comissão de Saúde Única do CRMV-MG e professora da UFMG, abordou o transtorno de acumulação de animais e a ação do médico-veterinário frente a clientes que estejam dentro desse espectro.

Lucas Galdioli, médico-veterinário do IMVC, compartilhou conhecimentos sobre medicina de abrigos aos clínicos veterinários particulares. A medicina de abrigos apresenta olhares amplos direcionados para a saúde do grupo, o que difere das abordagens tradicionais na clínica de pequenos animais.

O dia foi encerrado com a valiosa participação de Néstor Calderón, da AVLZ na Colômbia, que abordou a depressão e seu enfrentamento na rotina médico-veterinária.

A qualidade das experiências e dos saberes compartilhados nesses três dias de convivência e aprendizado são extremamente importantes e reforçam a necessidade de ampliarmos os olhares para essas questões de saúde única e medicina veterinária do coletivo.

É importante destacar o empenho, a dedicação, o entusiamo e a generosidade dos palestrantes, e particularmente da equipe que se uniu para fazer desse evento um grande encontro de troca valiosas de experiências e aprendizados. Muito obrigada Rita Garcia, Layza Bonella Gomes e Felipe Wouk por tudo que nos proporcionaram e em nome de quem agradeço a todos os palestrantes.

Agradeço ainda à equipe da revista e do Portal Clínica Veterinária pela disposição, pela dedicação, pelo empenho e pela generosidade.

Sou muito grata pelas oportunidades vivenciadas e pelas trocas vividas.

A organização da Animal Health está de parabéns pelo apreço, pela qualidade e pelo empenho em superar dificuldades para nos proporcionar esse grande evento.

Que venham os próximos congressos e que cada vez mais a medicina veterinária do coletivo esteja na mente de todos os colegas.

Maria Angela Sanches Fessel

Presidente de MVC, MVL, MVD,
direito animal e direito veterinário

Editora da Clínica Veterinária