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Associação Brasileira de Saúde e Causa Animal – Abraesca

Rio sedia 1º Fórum Transnacional de Zoonoses com foco no direito ao tratamento da Leishmaniose

Evento pioneiro organizado pela Abraesca, em parceria com a OAB-RJ e apoio do CRMV-RJ, reúne especialistas de todo o Brasil na campanha Agosto Verde

Matéria escrita por:

Clínica Veterinária

7 de ago de 2025


No dia 20 de agosto, o Rio de Janeiro será palco do 1º Fórum Transnacional de Zoonoses – Direito ao Tratamento, uma iniciativa inédita promovida pela Associação Brasileira de Saúde e Causa Animal (Abraesca), em parceria com a OAB-RJ e apoio do CRMV-RJ. Com foco na leishmaniose visceral canina, o evento integra a campanha Agosto Verde, que marca o mês nacional de conscientização sobre essa grave zoonose e seus impactos na saúde pública e no bem-estar animal.

A leishmaniose visceral canina (LVC) é uma doença de alta complexidade e em constante expansão. Originalmente restrita ao meio rural, vem se urbanizando rapidamente, com registros crescentes em grandes centros urbanos. O cão é o principal reservatório doméstico da doença, cuja distribuição geográfica inclui mais de 70 países — sendo altamente endêmica em regiões do Mediterrâneo, Brasil e partes da Ásia.

Avanços diagnósticos recentes incluem o aperfeiçoamento de testes sorológicos como o ELISA, e o uso crescente de técnicas moleculares como qPCR, que permitem a detecção precoce e o monitoramento da carga parasitária. No entanto, ainda persistem limitações, como a baixa sensibilidade em fases iniciais ou assintomáticas, a dificuldade de diferenciar infecção ativa de exposição prévia e o alto custo dos testes moleculares.

As estratégias de prevenção e controle mais eficazes envolvem o uso de repelentes à base de permetrinas e piretróides, e, apesar de promissora, a quimioprofilaxia ainda não é amplamente recomendada. Os tratamentos atuais visam à remissão clínica e à redução da parasitemia, com esquemas prolongados e multimodais. Entretanto, a cura parasitológica ainda não é plenamente alcançada, o que leva a recidivas frequentes e, em muitos casos, à necessidade de tratamento vitalício — somado ao alto custo dos medicamentos.

As implicações para a saúde pública são significativas, pois a LVC muitas vezes precede a leishmaniose visceral humana (LVH). A abordagem mais eficaz é baseada no conceito de Saúde Única, que integra os setores de saúde humana, saúde animal e meio ambiente. Isso inclui vigilância epidemiológica, controle vetorial, manejo do reservatório canino, tratamento de casos humanos, além de educação sanitária e participação comunitária.

Dados recentes da Coordenação de Vigilância em Zoonoses do RJ estimam cerca de 386 animais infectados entre 2024 e 2025, com foco em bairros da Zona Norte como Méier, Lins, Maria da Graça e Engenho Novo. Entre 2012 e 2025, foram confirmados 52 casos humanos da doença — a segunda zoonose de maior prevalência no município — dos quais 21 foram autóctones, ou seja, com transmissão ocorrida dentro da cidade. A presença do vetor Lutzomyia longipalpis, a urbanização do ciclo de transmissão, novas evidências de transmissão vertical e sexual entre animais, a falta de dados oficiais sobre a população de cães e gatos de vida livre, os impactos das mudanças climáticas e a vulnerabilidade socioambiental tornam o cenário ainda mais desafiador.

O Fórum reunirá representantes da Anvisa, Ivisa, secretarias de saúde, Ministério Público, médicos-veterinários, pesquisadores e especialistas de diversas instituições, incluindo:

Os participantes discutirão protocolos terapêuticos atualizados, estratégias de prevenção e os principais desafios no diagnóstico e tratamento da doença. Especialistas de todo o país ampliam o debate em uma perspectiva nacional, translacional e multidisciplinar.

“Essa é uma mobilização histórica pela valorização da ciência, da empatia e da saúde única — que considera o ser humano, os animais e o meio ambiente como partes interdependentes. Queremos promover políticas públicas mais justas e sustentáveis, que garantam o acesso ao tratamento e combatam a eutanásia como única alternativa”, afirma Tifanny Barbara Cotta Pinheiro Pires, presidente da Abraesca.

“Temos dados que mostram outras opções de tratamento que podem contribuir para a diminuição dos casos. Precisamos discutir estratégias de tratamento público, já que no Brasil ele ainda é considerado um direito privado dos tutores — o que limita o acesso de populações em situação de vulnerabilidade”, acrescenta Tifanny.

Apesar de jovem, a Abraesca já se destaca pelo protagonismo e por importantes apoios institucionais. A mascote oficial da entidade é Arya, cadela do tenista João Fonseca, reforçando o engajamento com a causa animal por meio de vozes influentes e da construção de uma rede de responsabilidade social.

Mais informações, programação completa e inscrições gratuitas em:
👉 simposio.abraesca.com.br

O Fórum conta com apoio dos laboratórios Ceva, Vetoquinol, Mouragro (MSD, Virbac e Alere), Ourofino e Vet Fórmula; e da revista e Portal Clínica Veterinária.

Abraesca
https://www.abraesca.com.br/