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Simpósio de Dor e Comportamento on-line

Grandes nomes do comportamento e dor em cães e gatos

Matéria escrita por:

Clínica Veterinária

15 de jul de 2025


No dia 28 de junho, diversos profissionais, ícones mundiais na área de dor e comportamento, se reuniram no Simpósio de Dor e Comportamento on-line.

James Serpell, Nina Ottosson, Ken Ramirez, Turid Rugaas e Emma Parsons são alguns dos 11 profissionais que deram palestras e responderam às perguntas de mais de 180 brasileiros ao vivo. Muitos desses palestrantes nunca haviam conversado com profissionais  do Brasil. Outros, quase não dão mais palestra pelo mundo.

Entre as razões que comprovam a importância desse evento é importante ressaltar as mais de 14 horas de muito conteúdo atualizado e com embasamento científico.

Dra. Luiza Cervenka, terapeuta comportamental e idealizadora do Simpósio Dor e Comportamento, contou que foi um trabalho hercúleo, e de resultado que parecia improvável, juntar nomes tão importantes para a área de comportamento e dor: “Tudo começou com um sonho, com uma provocação da Julia Robertson e da Ana Luisa Lopes. Se não tínhamos recursos para trazer tantos palestrantes internacionais, por que não fazer um on-line? Juntamos todos os nossos contatos, mais um pouco de cara de pau e saímos convidando quem mais admiramos. E não é que deu certo?! Mas ainda é difícil de acreditar.”

Já na primeira hora do simpósio, os inscritos puderam acompanhar a entrevista de Julia Robertson com Turid Rugaas. Uma lição de vida e humildade de quem cunhou a teoria de Calming Signals (sinais de calma ou apaziguamento), usada mundialmente para compreender a comunicação dos cães. Em seguida, na apresentação de Cushla Lamen, tratou-se do tema da ética no esporte com cães. Agility, canicross, entre outras categorias foram mencionadas, inclusive sobre o equipamento ideal e a época de começar a treinar os cães.

O sono é um fator crucial na avaliação do bem-estar e da saúde física e mental dos animais. Carrie Tooley realiza pesquisa sobre esse assunto e apresentou seus resultados, mostrando que cães que dormem pouco ou estão sempre em alerta tendem a ter mais problemas de comportamento.

Tabuleiros e brinquedos cognitivos são fundamentais para propiciar comportamentos naturais em diversas espécies, incluindo cães e gatos. Nina Ottosson foi a pioneira no desenvolvimento desses produtos e tem ganhado diversos prêmios por isso. Nina explicou como utilizar os tabuleiros com animais idosos, com mobilidade reduzida e até com filhotes. Foram apresentadas diversas dicas importantes para auxiliar no bem-estar de cães e gatos.

Hannah Cappon dividiu sua palestra em duas partes para falar da dor em animais. Na primeira, explicou sua jornada dentro do campo da osteoartrite, tanto no âmbito profissional quanto pessoal. Na segunda, pontuou a respeito dos últimos artigos sobre a avaliação e o tratamento das dores crônicas, junto ao seu centro de educação Canine Arthritis Management, o qual fornece educação continuada a profissionais do mundo inteiro.

Para entender a sensibilidade dos cães à dor, o professor de veterinária da Universidade da Pensilvânia, nos EUA, James Serpell apresentou seu trabalho junto ao questionário C-Barq e como a socialização e o manejo adequado na infância podem ajudar o cão a lidar melhor com a dor em qualquer idade.

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Alguns dos palestrantes do Simpósio de Dor e Comportamento on-line. Créditos: Luiza Cervenka

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Emma Parsons apresentou o tema de cães reativos agressivos, e contou sua experiência com seu cão Ben e a criação da metodologia Click to Calm. Ben era um golden retriever extremamente reativo, que após passar por diversos profissionais sem sucesso encontrou Karen Pryor, que consagrou o treinamento Clicker Training. Karen e Emma se uniram em prol do bem-estar de Ben e de diversos cães reativos. O maior alerta que apresentaram foi que não adianta trabalhar um cão com dor. Antes de começar qualquer treino, o animal deve passar por avaliação de um médico-veterinário que entenda de dor e busque sua origem. Foi uma palestra emocionante!

O italiano Marco Adda apresentou o sistema emocional dos animais, como eles reagem ao ambiente de acordo com o neurocientista Panksepp. Ao contrário do que se viu em Divertidamente, as emoções vão muito além de alegria, tristeza, raiva, nojo e medo. Desejar algo ou mesmo se frustrar por não conseguir algo pode gerar comportamentos indesejados em cães, como pular ao visitar um ambiente estranho ou latir para outro cão durante um passeio. Adda expôs o perigo de rotular os comportamentos animais sob a ótica humana, sem considerar qual emoção está por trás dos comportamentos.

Questões como conversar sobre tudo isso com o tutor, bem como esclarecer que o animal possivelmente se comporta de certa forma por dor, foram abordadas por Lisbeth De Waard, que falou sobre a importância da escuta e da comunicação não violenta, mesmo no atendimento comportamental de cães e gatos. Os pets são encarados como filhos ou entes queridos, e falar sobre eles pode ser delicado se o profissional não estiver preparado. Algumas técnicas de empatia podem ajudar na comunicação entre profissionais e tutores.

Ken Ramirez é diretor da Karen Pryor Academy e responsável por diversos projetos pelo mundo com a utilização do clicker training e de metodologia de reforço positivo, não apenas com cães e gatos. Ken mostrou a diminuição da mortalidade e o aumento da natalidade de elefantes na Zâmbia, após um manejo feito para evitar que os animais fossem caçados na passagem pelo Congo, durante o deslocamento anual do grupo. Adicionando reforços positivos e colocando barreiras, os elefantes aprenderam um novo caminho, capaz de ajudar na conservação da espécie. Também comentou o projeto de cães farejadores da polícia, que aumentou a taxa de acerto dos animais de 75% para 100% somente adicionando a metodologia do clicker.

O médico-veterinário brasileiro especializado em dor, Rodrigo Mencalha, explicou os mecanismos da dor, a avaliação e formas de tratamento de diferentes tipos de dor. Com patrocínio da Zoetis, Mencalha apresentou a necessidade de um tratamento multimodal para dor crônica e pontuou: “um cão com dor vai ter alterações de comportamento. Uma alteração de comportamento pode levar o animal a desenvolver dor crônica”.

A conclusão inegável é que dor e comportamento realmente andam juntos, e que tutores e profissionais devem se unir para que nenhum animal sofra mais em silêncio.

A aquisição da versão gravada do Simpósio Dor e Comportamento on-line está disponível pelo link: https://pay.hotmart.com/E100599359C