2025 é um ano de comemorações! Vamos celebrar juntos os 30 anos da revista!

Menu

Clinica Veterinária

Início Notícias Mercado Nestle Purina Ingredientes nutricionais para controle da epilepsia
Purina Nestlé

Ingredientes nutricionais para controle da epilepsia

Matéria realizada a partir de entrevista com Yuanlong Pan, BVM, Ph.D., pesquisador principal no Centro de Pesquisas da Nestlé Purina, de St. Louis, Missouri, EUA

Matéria escrita por:

Clínica Veterinária

2 de dez de 2016

Yuanlong Pan, BVM, Ph.D. Créditos: Divulgação Nestlé Purina Yuanlong Pan, BVM, Ph.D. Créditos: Divulgação Nestlé Purina

A epilepsia é classificada em idiopática e sintomática. Ela é a causa mais comum de convulsões em cães, além das doenças hepáticas, renais, tumores, traumas e is que mias cerebrais ou toxinas. Tem prevalência de 0,5 a 0,7% na população canina em geral e de 1 a 2,6% na população encaminhada a hospitais.

A epilepsia idiopática, ou primária, não tem causa identificável, com possível predisposição genética e caráter hereditário. A primeira convulsão em cães com epilepsia idiopática se dá entre 1 e 5 anos de idade (às vezes, antes dos 6 meses). As raças com maior pre valência são lébrel-irlandês (18%), pastor-belga tervuren (17%), border terrier (13,1%), pequeno basset griffon da Vendeia (8,9%), spitz-finlandês (5,4%), spinone-italiano (5,3%) e labrador re triever (3,1%), além de beagle, keeshond, dachshund, pastor-ale mão, golden re triever, pastor de Shetland, braco-húngaro de pelo curto, boiadeiro-bernês e springer spaniel inglês. Não há predispo si ção de sexo em pastor-belga tervueren, border collie e border terrier. Há maior prevalência em machos de boiadeiro-bernês e lébrel-ir lan dês e fêmeas de pastor de Shetland.

A epilepsia sintomática, ou secundária, é causada por lesão na estrutura cerebral – tumor, isquemia ou cicatriz traumática.

 

Ingredientes e/ou componentes alimentares que favorecem o controle da epilepsia

As dietas cetogênicas tradicionais foram introduzidas nos anos 1920 para tratar crianças com epilepsia idiopática. São ricas em gorduras e pobres em proteínas e carboidratos, com proporções de até 4:1 de gordura contra proteína e carboidrato. Foi proposto que os corpos cetônicos têm efeitos anticonvulsivantes e antiepilépticos. A suplementação alimentar com triglicerídeos de cadeia média (TCM) ajuda a controlar a doença. Tecnicamente, os TCM são responsáveis pelo aumento dos níveis cerebrais de corpos cetônicos, que são metabólitos dos ácidos graxos. O metabolismo de ácidos graxos de cadeia longa (AGCL), libera dos dos triglicerídeos de cadeia longa (TCL) em corpos cetônicos é inibido pela disponibilidade de glicose. As dietas cetogênicas tradicionais devem ter alto teor de gorduras e baixo teor de proteínas e carboidratos. Dois corpos cetônicos, o acetoacetato e a acetona, têm efei tos anticonvulsivantes e antiepilépticos em mo delos animais de epi lepsia.

A redução do metabolismo de glucose cerebral em cães epilépticos jovens promoveu hipometabolismo da glicose nos córtices occipital, temporal e parietal. Em cães spitz-finlandeses com epilepsia idiopática se observou hipometabolismo da glicose em lobos frontal, parietal, temporal e occipital, cerebelo e hipocampo, em comparação com cães de con trole de mesma idade e raça.

 

Condução da investigação e efeito da dieta com TCM

Uma dieta cetogênica com 5,5% de óleo com TCMa foi testada em estudo alimentar cruzado, duplo-cego, randomizado e controlado por placebo. Cães com epilepsia idiopática e intratável receberam dieta de TCM ou dieta placebo por 3 meses (dia 1 ao dia 90 ± 2 d), seguindo-se uma respectiva troca subsequente de dieta por 3 meses adicionais (dia 90 ao dia 180 ± 2 d). Os cães foram tratados também com um ou dois medicamentos antiepilépticos (todos com fenobarbital e 18 também com brometo de potássio). Alguns cães receberam um terceiro medicamento antiepiléptico (um deles, Imepitoína, e quatro, Levetiracetam). Eram alimentados uma ou duas vezes ao dia em casa, sem restrição na ingestão de água. A quantidade diária foi calculada segundo o peso do cão, para que fosse suficiente para suas necessidades nutricionais.

21 cães concluíram o estudo, que mostrou frequência bem mais baixa (p = 0,02) de convulsões nos cães com a dieta teste, em comparação à dieta controle. 3 cães ficaram livres de convulsões, 10 tiveram redução de 50% ou mais nas convulsões e 5 uma redução de menos de 50%, nos 3 meses de estudo. A fre quên cia diária de convulsões também teve redução expressiva (p = 0,02) nos cães com a dieta teste. 17 cães reduziram os dias de convulsão por mês. Houve também frequência bem mais baixa (p = 0,01) de convulsões nos primeiros 30 dias em cães ali mentados com a dieta teste, em comparação com cães alimenta dos com a dieta de controle.

 

Modos de ação desses ingredientes em casos de epilepsia

Os mecanismos pelos quais as dietas cetogênicas e os TCMa causam efeitos antiepilépticos não são bem compreendidos. É possível que o acetoacetato e a acetona das dietas cetogênicas ou do metabolismo dos TCM melhorem o neurotransmissor inibitório (o ácido gama-aminobutírico) ou que os corpos cetônicos corrijam o hipometabolismo da glicose no cérebro de cães epilépticos ao fornecer às células cerebrais afetadas uma fonte alternativa de energia. Na dieta com TCM não se computou o efeito do ômega 3.

Um nível baixo de TCM (10% das calorias alimentares) na dieta pode potencializar a ação dos antiepilépticos e melhorar a gestão das convulsões em cães com epilepsia idiopática intratável.

a – Purina Pro Plan Neurologic Care

 

Referências recomendadas

WILDER, R. M. The effects of ketonemia on the course of epilepsy. Mayo Clinic Procedings, v. 2, p. 307-308. 1921.

CASAL, M. L. ; MUNUVE, R. M. ; JANIS, M. A. ; WERNER, P. ; HENTHORN, P. S. Epilepsy in Irish Wolfhounds. Journal of Veterinary Internal Medicine, v. 20, n. 1, p. 131-135. 2006.

PAN, Y. ; LARSON, B. ; ARAUJO, J. A. LAU, W. ; RIVERA, C. : SANTANA, R. : GORE, A. ; MILGRAM, N. W. Dietary supplementation with medium-chain TAG has long-lasting cognition-enhancing effects in aged dogs. British Journal of Nutrition, v. 103, n. 12, p. 1746-1754. 2010.

THOMAS, W. B. Idiopathic epilepsy in dogs and cats, Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice, v. 40, n.1, p. 161-179. 2010.

MCNALLY, M. A. ; HARTMAN, A. L. Ketone bodies in epilepsy. Journal Neurochemistry, v. 121, p. 28-35. 2012.

MONTEIRO, R. ; ADAMS, V. ; KEYS, D. ; PLATT, S. R. Canine idiopathic epilepsy: prevalence, risk factors and outcome associated with cluster seizures and status epilepticus. Journal of Small Animal Practice, v. 53, p. 526-530. 2012.

VIITMAA, R. ; HAAPARANTA-SOLIN, M. ; SNELLMAN, M. ; CIZINAUSKAS, S. ; ORRO, T. ; KUUSELA, E. ; JOHANSSON, J. ; VILANEN, T. ; JOKINEN, T. S. ; BERGAMASCO, L. ; METSÄHANKALA, L. Cerebral glucose utilization measured with high resolution positron emission tomography in epileptic Finnish Spitz dogs and healthy dogs. Veterinary Radiology Ultrasound, v. 55, n. 4, p. 453-461. 2014.

JOKINEN, T. S. ; HAAPARANTA-SOLIN, M. ; VIITMAA, R. GRÖNROOS, T. J. ; JOHANSSON, J. ; BERGAMASCO, L. ; SENELLMAN, M. ; METSÄHANKALA, L. FDG-PET in healthy and epileptic Lagotto Romagnolo dogs and changes in brain glucose uptake with age. Veterinary Radiology and Ultrasound, v. 55, n. 3, p. 331-341. 2014.

LAW, T. H. ; DAVIES, E. S. ; PAN, Y. ; ZANGHI, B. ; WANT, E. ; VOLK, H. A. A randomised trial of a medium-chain TAG diet as treatment for dogs with idiopathic epilepsy. British Journal of Nutrition, v. 114, n. 9, p. 1438-1447. 2015.

HÜLSMEYER, V. I. ; FISCHER, A. ; MANDIGERS, P. J. J. ; DERISIO, L. ; BERENDT,M. ; RUSBRIDGE, C. ; BHATTI, S. F. M ; PAKOZDY, A. ; PATTERSON, E. E.; PLATT, S. ; PACKER, R. M. A.; VOLK, H. A. International Veterinary Epilepsy Task Force’s current understanding of idiopathic epilepsy of genetic or suspected genetic origin in purebred dogs. BMC Veterinary Research, v. 11. p. 175. 2015.