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Pesquisas do CNPEM que reduzem uso de animais em laboratório recebem 5 prêmios internacionais

Trabalhos sobre febre amarela, câncer e doenças de pele sem uso de cobaias foram premiados no maior congresso mundial sobre o tema

Matéria escrita por:

Clínica Veterinária

24 de set de 2025


Pesquisadores e bolsistas do Laboratório Nacional de Biociências (LNBio), do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), conquistaram cinco prêmios no 13º World Congress on Alternatives and Animal Use in the Life Sciences (WC13), que ocorreu de 31 de agosto a 4 de setembro no Rio de Janeiro, RJ. Principal congresso mundial sobre métodos alternativos ao uso de animais em pesquisas, o evento reuniu 800 participantes de todo o mundo para debater avanços que substituem, reduzem ou refinam estes experimentos, além de discutir regulamentação.

Coordenados pelas pesquisadoras Ana Carolina Migliorini Figueira e Sandra Martha Gomes Dias, os trabalhos premiados demonstram o impacto de modelos inovadores que reproduzem com maior fidelidade processos biológicos humanos, eliminando ou reduzindo a necessidade de testes em cobaias. As pesquisas criaram alternativas para estudos da febre amarela, de câncer de mama e doenças de pele sem uso de animais.

As conquistas do CNPEM coincidem com um momento simbólico: o congresso foi um mês após a sanção da lei que proíbe o uso de animais em testes de cosméticos, produtos de higiene pessoal e perfumes no Brasil. Para os premiados, a nova legislação aumenta o incentivo para a difusão de tecnologias substitutivas, já em desenvolvimento no país.

 

Pesquisas premiadas

Giovanna Blazutti Elias, analista de desenvolvimento tecnológico do CNPEM, recebeu dois prêmios (da JSAAE, Japanese Society for Alternatives to Animal Experiments, e da L’Oréal) pelo estudo “Infection of Liver 3D Spheroids with Yellow Fever Virus”. O trabalho criou um modelo 3D de fígado humano em forma de microesferas celulares, que reproduz a infecção pelo vírus da febre amarela com alta precisão. O sistema pode substituir animais em estudos de virologia e toxicidade hepática.

Pedro Cavalcante Frizarini, estagiário do LNBio/CNPEM, foi premiado pela JSAAE com o trabalho “Bioprinted and Microfluidics Blood-Brain Barrier Model to Study Triple-Negative Breast Cancer Metastasis”. Ele recriou um modelo bioimpresso da barreira hematoencefálica para investigar metástases de câncer de mama. O sistema combina bioimpressão e dinâmica de fluidos para estudar a interação de células tumorais no cérebro sem uso de animais.

Julia Carnelos Machado Velho, pesquisadora e doutoranda no CNPEM, recebeu o prêmio da Natura com o estudo “Exploring Vascularization Strategies in Collagen-Based Tissue Constructs for Advanced 3D Tissue Models”. A pesquisa testa estratégias de vascularização em modelos de pele humana com três camadas (derme, epiderme e hipoderme) usando células humanas e colágeno. O avanço permite construir modelos de pele mais realistas e aplicáveis sem testes em cobaias.

Renata S.N. Tavares, pesquisadora do LNBio/CNPEM, recebeu o prêmio da Health Biolux Innovation pelo estudo “Patient-Derived Organoids for Precision Medicine in Breast Cancer: a Study of Brazilian Patients”. O trabalho criou um banco de organóides de tumores de mama da população brasileira, permitindo prever respostas a quimioterapias e terapias-alvo de forma personalizada. Além de preservar os animais, o modelo gera informações diretamente relevantes para pacientes humanos.

Todas as pesquisas do CNPEM são financiadas pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). A pesquisa de pele em três camadas também é financiada pela Fapesp e Organização Holandesa para a Pesquisa Cientifica (NWO), desenvolvida em parceria com o Soft Tissue Regeneration Research Group – Radboud UMC. A pesquisa de tratamento de tumores de mama é financiada exclusivamente pelo Ministério da Saúde, sendo desenvolvida em parceria o Instituto do Câncer do estado de São Paulo (ICESP), A. C. Camargo Cancer Center e o Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher (CAISM -Unicamp). A pesquisa de metástase em câncer de mama foi financiada pelo CNPq.
 

Renama

Durante o WC13, representantes do LNBio também participaram da reunião da Rede Nacional de Métodos Alternativos aos Animais (Renama), iniciativa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). O LNBio é um dos 42 laboratórios credenciados e integra o núcleo de três instituições centrais responsáveis por difundir informações e acelerar a adoção desses métodos no Brasil.

O grupo também reforçou cooperações internacionais com o Centro Brasileiro para Validação de Métodos Alternativos (BraCVAM) e com o Center for Alternatives to Animal Testing (CAAT), da Johns Hopkins University, além de discutir a criação de uma rede latino-americana dedicada ao tema.

“Estamos desenvolvendo ciência de ponta que preserva os animais e oferece respostas mais próximas da realidade humana. Isso é bom para a ética na pesquisa, para a sociedade e para os pacientes que se beneficiam de soluções mais eficazes”, resume Ana Carolina Migliorini Figueira.
 

Sobre o LNBio

O Laboratório Nacional de Biociências (LNBio) dedica-se à investigação da saúde humana, unindo biologia integrativa e tecnologias avançadas. Com competências em edição gênica, sistemas microfisiológicos, bioimagem e engenharia de tecidos, o LNBio busca descobrir alvos moleculares e desenvolver terapias inovadoras para doenças de relevância pública. Essa abordagem abrangente, que inclui moléculas e organismos vivos, desvenda mecanismos moleculares para identificar compostos bioativos, fundamentais para o desenvolvimento de novos insumos farmacêuticos ativos. O LNBio concentra esforços nas demandas do sistema público de saúde, utilizando infraestrutura de ponta e modelo matricial de trabalho em prol da inovação e do desenvolvimento na interseção entre ciência e saúde. Buscando integrar a saúde com fatores socioeconômicos e ambientais, atua como uma plataforma científica à disposição do Estado, capaz de desenvolver tecnologias avançadas para responder a questões estratégicas. O LNBio faz parte do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), em Campinas, SP, uma Organização Social supervisionada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).”

https://lnbio.cnpem.br/

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Sobre o CNPEM

O Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) abriga um ambiente científico de fronteira, multiusuário e multidisciplinar, com ações em diferentes frentes do Sistema Nacional de CT&I. Organização Social supervisionada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), o CNPEM é impulsionado por pesquisas que impactam as áreas de saúde, energia, materiais renováveis e sustentabilidade. Responsável pelo Sirius, maior equipamento científico já construído no País. O CNPEM hoje desenvolve o projeto Orion, complexo laboratorial para pesquisas avançadas em patógenos. Equipes altamente especializadas em ciência e engenharia, infraestruturas sofisticadas abertas à comunidade científica, linhas estratégicas de investigação, projetos inovadores com o setor produtivo e formação de pesquisadores e estudantes compõem os pilares da atuação deste centro único no País, capaz de atuar como ponte entre conhecimento e inovação. As atividades de pesquisa e desenvolvimento do CNPEM são realizadas por seus Laboratórios Nacionais de: Luz Síncrotron (LNLS), Biociências (LNBio), Nanotecnologia (LNNano) e Biorrenováveis (LNBR), além de sua unidade de Tecnologia (DAT) e da Ilum Escola de Ciência, curso de bacharelado em Ciência e Tecnologia, com apoio do Ministério da Educação (MEC).

https://cnpem.br/