Angélica de Mendonça Vaz Safatle
A atual presidente do Colégio Brasileiro de Oftalmologistas Veterinários nos fala sobre o 19º Congresso Brasileiro de Oftalmologia Veterinária

O 19º Congresso Brasileiro de Oftalmologia Veterinária foi realizado nos dias 26, 27 e 28 de março de 2025 em Guarajuba, BA, no Resort Vila Galé Marés. Nessa nova edição do evento, médicos-veterinários de todo Brasil puderam aproveitar a imersão de conteúdo de alta qualidade em ambiente agradável e descontraído, rever amigos, descansar e recarregar as energias. Angélica de Mendonça Vaz Safatle, a atual presidente do Colégio Brasileiro de Oftalmologistas Veterinários, compartilhou detalhes desse importante evento para a medicina veterinária brasileira.
Revista Clínica Veterinária (CV) – Qual é a importância de uma entidade como o Colégio Brasileiro de Oftalmologistas Veterinários?
Angélica Safatle (AS) – O crescimento contínuo das especialidades, em particular o da oftalmologia veterinária, é uma realidade no Brasil. O Colégio, no caso, o CBOV, promove esse crescimento com qualidade e excelência. As atividades promovidas pela entidade conseguem, além de transmitir conhecimentos, agregar os especialistas. Controle sobre ética e qualidade também fazem parte do importante papel exercido pelo Colégio.
CV – Qual é a importância da participação de médicos-veterinários no Congresso Brasileiro de Oftalmologia Veterinária?
AS – Ser membro titulado do CBOV significa que a sua trajetória na medicina veterinária buscando ser especialista em oftalmologia veterinária foi concretizada. Isso foi possível graças a anos de dedicação, currículo adequado e êxito no exame de aprovação. A sociedade atual busca cada vez mais que o profissional oftalmologista veterinário tenha uma boa formação. Vários tutores procuram saber como esse profissional se qualificou. Que faculdade cursou, se é mestre, doutor e especialista. Isso já é uma realidade.
CV – Qual o número de participantes do evento deste ano?
AS – 280 médicos-veterinários se inscreveram para esse importante evento. A grande maioria foi composta por médicos-veterinários especialistas em oftalmologia veterinária, e também estiveram presentes profissionais que têm interesse pela especialidade.
CV – Quantos palestrantes participaram?
AS – 15 palestrantes, sendo 4 internacionais.
CV – Quais os temais mais importantes desenvolvidos pelos palestrantes?
AS – Tivemos 3 painéis nesse evento que abordaram olho seco, exames avançados em oftalmologia veterinária e oftalmologia em pets não convencionais, além de terapia fotodinâmica, glaucoma, ceratites endoteliais e doenças imunomediadas.
CV – Qual foi a contribuição de palestrantes internacionais? Quem são esses palestrantes?
AS – O evento contou com 4 palestrantes internacionais: 3 dos Estados Unidos e 1 do México. A grade estava bem atrativa, contendo temas muito interessantes. Bianca Martins falou sobre terapia fotodinâmica e alternativas cirúrgicas no tratamento do glaucoma. Sara Thomasy palestrou sobre novos tratamentos para ceratite endotelial e novas técnicas de imagem para córnea. Leandro Teixeira ministrou palestras sobre uveítes imunomediadas, ceratites e conjuntivites imunomediadas, alérgicas e induzidas por fármacos e uveítes imunomediadas em equinos. Gustavo Garcia Sanches falou sobre emulsões lipídicas para reestabelecer a integridade do filme lacrimal em pacientes com olho seco e sobre nanotecnologia.
CV – Houve apresentação de trabalhos? Apresentações orais? Pôsteres?
AS – Sim. Tivemos apresentações orais e em forma de pôster, e os resumos serão publicados, pela primeira vez, na revista Veterinary Ophthalmology.
CV – Houve premiações? Quais?
AS – Sim. A melhor apresentação oral foi feita por Eduardo Perlmann com o trabalho intitulado In vivo confocal microscopy for the detection of microfilarial keratitis in a dog.
A melhor apresentação em forma de pôster foi de Renato Luís Carvalho com o trabalho intitulado Microbiological evaluation of frozen porcine córnea.
CV – O local do evento atendeu às expectativas?
AS – Os congressistas ficaram muito satisfeitos com o local, pois todos se hospedaram no mesmo espaço, agregando os participantes e permitindo uma maior convivência, que levou colegas a ampliar e fortalecer amizades, além de impulsionar o networking.
CV – Quais as novidades em relação ao Colégio Brasileiro de Oftalmologia Veterinária?
AS – Fizemos mais uma prova para especialistas em oftalmologia veterinária, e ela foi realizada nos dias 23, 24 e 25 de março de 2025 na cidade de Salvador, na Universidade Federal da Bahia (UFBA). A avaliação continha 2 provas teóricas e 1 uma prova prática que incluía tanto cirurgia como microcirurgia. Renata Maria Monção da Silva e Thais Fontes Braga foram aprovadas nessa oportunidade.
CV – Como você vê a evolução da oftalmologia veterinária no Brasil nesta última década?
AS – A oftalmologia veterinária evolui a passos largos. Com o avanço tecnológico na oftalmologia humana, muitos dos equipamentos são também utilizados na oftalmologia veterinária. Os consultórios oftalmológicos dos médicos-veterinários estão cada vez mais modernos e, com isso, o diagnóstico torna-se mais assertivo e o tratamento, mais eficaz.
CV – Como você vê a utilização de inteligência artificial na oftalmologia veterinária daqui para frente?
AS – É um futuro muito próximo. Na oftalmologia humana já é uma realidade, apesar de não utilizada por todos. Para a oftalmologia veterinária, o emprego da IA trará muitos benefícios, tanto na parte diagnóstica e de tratamento, como na parte de aprendizagem. Analisar imagens obtidas pela OCT ou por qualquer outro exame de imagem, detectar lesões retinianas que às vezes passaram despercebidas, monitorar a pressão intraocular dos nossos pacientes, são exemplos importantes que conseguiremos com a IA. Vale ressaltar que o diagnóstico precoce na oftalmologia faz toda a diferença.
CV – Quais suas sugestões para quem se interessa em trabalhar com oftalmologia veterinária?
AS – Os interessados que apreciam a oftalmologia veterinária devem acompanhar profissionais renomados com boa casuística, estudar com afinco e fazer residência ou pósgraduação na especialidade em cursos com boa reputação. Não há gratificação maior do que recuperar a visão de um paciente considerado cego. A alegria do paciente e do tutor também são imensuráveis.