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Royal Canin® orienta sobre os aspectos do manejo da cistite idiopática felina

Matéria escrita por:

Clínica Veterinária

16 de mar de 2024

Créditos: Nataliia Dvukhimenna Créditos: Nataliia Dvukhimenna

A cistite idiopática felina (CIF) é uma condição complexa e desafiadora que afeta o trato urinário inferior dos gatos. Até 73% dos gatos diagnosticados com doença do trato urinário inferior (Duti) são identificados como portadores de cistite idiopática felina 1. Além disso, até 65% dos gatos afetados pela cistite idiopática felina apresentarão recorrência da condição dentro de um período de 1 a 2 anos 2. Caracterizada por sintomas intermitentes, como disúria, estrangúria, hematúria, polaciúria e/ou periúria, sem uma causa médica identificável, a cistite idiopática felina é considerada a condição mais frequente que produz sinais clínicos relacionados ao trato urinário inferior nessa espécie 3.

Diversos estudos sugerem que a cistite idiopática felina resulta de uma combinação de fatores, incluindo predisposição genética e estresse, bem como alterações na fisiologia do trato urinário. Acredita-se que os gatos suscetíveis à CIF apresentem uma diminuição na excreção de glicosaminoglicanos (GAGs) na urina 4, o que compromete a integridade do urotélio e predispõe a bexiga à inflamação e à formação de lesões. Além disso, gatos com CIF produzem mais catecolaminas e têm níveis circulantes mais elevados dessas substâncias do que gatos não afetados, resultando em uma hiperativação do ramo simpático do sistema nervoso 5. Isso pode resultar em inflamação crônica da bexiga e sensibilização dos receptores nervosos associados à dor.

O excesso de peso é um fator de risco para a cistite idiopática felina. Gatos machos, de meia idade, que vivem em ambientes internos e com outros felinos, costumam ser mais comumente afetados 3. O estresse ambiental – como mudanças na rotina, introdução de novos animais ou membros da família e eventos estressantes – também pode desencadear sintomas em gatos predispostos.

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Créditos: Shvaygert Ekaterina

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O diagnóstico da cistite idiopática felina é baseado na exclusão de outras causas de afecções urinárias e inclui testes diagnósticos, como exame físico completo, histórico, urinálise, urocultura e antibiograma, radiografias abdominais e ultrassonografia do trato urinário. O tratamento da cistite idiopática felina é multifatorial e visa aliviar os sinais clínicos durante os episódios. Além disso, embora o estresse por si só não seja suficiente para causar CIF, gerenciá-lo é fundamental para que novas crises sejam prevenidas ou espaçadas. 

Muitas dietas são formuladas para promover a saúde urinária dos gatos e podem desempenhar um papel importante no manejo da cistite idiopática felina (CIF). Aumentar a ingestão de água pode reduzir a recorrência da CIF 3, e, nesse sentido, o uso de alimentos úmidos é altamente recomendado. Idealmente, a alimentação deve consistir em 100% de alimentos úmidos; no entanto, quando isso não for possível ou em casos em que o gato não aceita bem alimentos úmidos em grande quantidade, optar por dietas com maior teor de sódio pode ser uma alternativa. Isso visa estimular a ingestão de água e, consequentemente, promover a diluição urinária. O uso de fontes de água e diferentes formatos e tamanhos de tigelas é frequentemente recomendado para gatos com CIF, para que se forneçam alternativas que atendam às preferências individuais. 

A cistite idiopática felina é uma condição desafiadora que requer uma abordagem integrada e multidisciplinar para o diagnóstico e o tratamento eficazes. A compreensão dos fatores predisponentes e a identificação e a redução do estresse, juntamente com a terapia e a nutrição adequadas, são essenciais para melhorar a qualidade de vida dos gatos afetados por essa síndrome complexa.

 

Referências

1-BUFFINGTON, C. A. ; CHEW, D. J. ; KENDALL, M. S. ; SCRIVIANI, P. V. ; THOMPSON, S. B. ; BLAISDELL, J. L. ; WOODWORTH, B. E. Clinical evaluation of cats with nonobstructive urinary tract diseases. Journal of the American Veterinary Medical Association, v. 210, n. 1, p. 46-50, 1997. 

2-KAUL, E. ; HARTMANN, K. ; REESE, S.  DORSCH, R. Recurrence rate and long-term course of cats with feline lower urinary tract disease. Journal of Feline Medicine and Surgery, v. 22, n. 6, p. 544-556, 2020. doi: 10.1177/1098612X19862887. 

3-FORRESTER, S. D. ; TOWELL, T. L. Feline idiopathic cystitis. The Veterinary Clinics of North America. Small Animal Practice, v. 45, n. 4, p. 783-806, 2015. doi: 10.1016/j.cvsm.2015.02.007.

4-BUFFINGTON, C. A. ; BLAISDELL, J. L. ; BINNS Jr., S. P. ; WOODWORTH, B. E.  Decreased urine glycosaminoglycan excretion in cats with interstitial cystitis. The Journal of Urology, v. 155, n. 5, p. 1801-1804, 1996.

5-BUFFINGTON, C. A. ; PACAK, K. Increased plasma norepinephrine concentration in cats with interstitial cystitis. The Journal of Urology, v. 165, n. 6, p. 2051-2054, 2001. doi: 10.1016/S0022-5347(05)66292-1. 

 

Priscila Rizelo

Coordenadora de comunicação científica – Royal Canin do Brasil