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MVColetivo

Consumo de carnes de animais exóticos

Riscos do contato com animais exóticos para a saúde pública

Os primeiros seres humanos caçavam animais para sua alimentação e utilizavam suas peles para se proteger. Créditos: Gorodenkoff  Os primeiros seres humanos caçavam animais para sua alimentação e utilizavam suas peles para se proteger. Créditos: Gorodenkoff

Introdução

Diversos estudos têm demonstrado que a caça é uma atividade praticada há milhões de anos, desde que a terra foi habitada pelo Homo erectus. Acredita-se que essa atividade teve grande importância na evolução humana, principalmente nas características morfofisiológicas e nas funções cognitivas. A prática foi essencial para a alimentação da espécie, uma vez que a África (antes floresta) estava se transformando em uma savana, e, consequentemente, a quantidade de alimentos vegetais disponíveis estava se reduzindo 1. Os dois marcos históricos determinantes para que o homem não dependesse mais dessa prática foram a invenção da agricultura, há cerca de 12 mil anos, no chamado Crescente Fértil, localizado no Oriente Médio, entre os rios Tigre e Eufrates 2, e a domesticação dos primeiros animais para fins alimentícios, há cerca de 9 mil anos, também no Oriente Médio 3.

A caça e a pesca de animais selvagens ainda é praticada atualmente em quase todo o mundo, sendo ela cinegética ou esportiva (em que o caçador armazena a carcaça do animal como uma espécie de “troféu”), ou para o consumo da carne, ambas situações de risco para a saúde única (humana, animal e ambiental). Nesse cenário, não surpreende a atual pandemia de Covid-19, dadas as evidências científicas de que o consumo da carne de animais não domesticados foi um fator de risco na origem do vírus e do ciclo epidemiológico da doença na Ásia. Embora os hábitos alimentares e os mercados de animais exóticos vivos da Ásia tenham sido muito criticados, a prática de consumir carne de animais exóticos é muito comum, inclusive no Brasil.

 

Em muitas culturas cabeças de animais abatidos são valorizadas como troféus. Créditos: Elmar Gubisch

 

Estima-se que na Amazônia, somente na área rural, cerca de 1 milhão de toneladas de carne de caça sejam consumidas anualmente 4. Por ser uma atividade ilegal, existe a dificuldade de detectar os reais números de animais caçados; dessa maneira, os resultados disponíveis de pesquisas provavelmente são subestimados 5. Segundo dados do relatório “O estado mundial da biodiversidade para a alimentação e a agricultura”, da Food and Agriculture Organization of the United Nations (FAO), aproximadamente 53,5% dos lares da Ásia, África e América Latina têm sido abastecidos com animais oriundos das matas 6. Os dados referentes ao consumo desse tipo de proteína animal também são escassos, pois trata-se de um mercado informal. Estima-se no relatório que cerca de 2.800 espécies de animais selvagens sejam utilizadas no mundo para consumo humano 7.

Para as famílias que dependem da proteína de animais selvagens, como as comunidades indígenas, tradicionais e rurais na Amazônia, a caça não é simplesmente um elemento importante de subsistência e de autossuficiência econômica, mas também tem sido considerada um elemento de identidade cultural 8. Pesquisas realizadas em países da África central (Gabão e República do Congo) também demonstram que o consumo de carne de animais selvagens é influenciado por questões culturais, havendo uma ligação entre o consumo de certas espécies e a região específica do país 9. Assim como ocorre na China, país em que presumivelmente surgiu a nova doença que assola o mundo atualmente, o hábito do consumo de animais silvestres está enraizado na cultura, servindo tanto para a alimentação como também para a medicina tradicional e para vestimentas 10.

 

Em ruas como Thanon Khao San, em Bangkok, na Tailândia, é possível comprar carne de crocodilo. Créditos: TTStock

 

A caça ilegal não é o único meio de se obter carne de animas exóticos. Na China, grandes fazendas de criação de animais exóticos foram inclusive incentivadas pelos governos locais a fim de movimentar a economia, uma vez que o consumo desses e de outros produtos oriundos dessas espécies é muito comum, assim como sua utilização na medicina tradicional 11. Nessas fazendas, criam-se animais como pavões, avestruzes, porcos selvagens, raposas, aves exóticas e inclusive civetas e pangolins, animais apontados como possíveis origens do coronavírus responsável pelo surto da Sars (síndrome respiratória aguda grave) em 2003 e pelo Covid-19, respectivamente. Após o início do surto do novo coronavírus, autoridades locais decidiram interditar temporariamente essas fazendas 12.

 

Cães são vendidos vivos ou abatidos em mercados como o do Distrito Shunde da cidade Foshan, na provincia de Guangdong no sul da China. Créditos: Paul Vasarhelyi

 

Covid-19

Em dezembro de 2019 iniciou-se a epidemia do Covid-19, na cidade de Wuhan, na China. A doença disseminou-se muito rapidamente no mundo, e a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou em 11 de março de 2020 a situação de pandemia (quando todos os continentes são afetados pela doença). Até 26 de agosto, mais de 23 milhões de casos já foram confirmados, com mais de 813 mil mortes em todo o mundo. Os impactos negativos atingiram as diversas esferas globais, com grande parte da população mundial obrigada a ficar em isolamento social, particularmente para evitar o colapso da rede de atendimento hospitalar 13. No Brasil, o primeiro caso registrado ocorreu em 24 de fevereiro, e até o fim de agosto já haviam sido registrados 3,6 milhões de casos confirmados e 118 mil mortes por coronavírus 14. O consumo da carne e de subprodutos de animais exóticos nos mercados de animais vivos na China está sendo apontado como origem da pandemia, detectada em um mercado de frutos do mar de Huanan, em Wuhan, epicentro inicial do Covid-19 11.

Além da questão cultural vinculada ao consumo de animais selvagens, a prática mantém uma economia de milhões de dólares na China, empregando mais de 1 milhão de pessoas – razão pela qual a proibição da venda e do consumo de carne de animais exóticos constitui um assunto complexo. Mesmo assim, no final de fevereiro de 2020 a China decidiu banir o comércio e o consumo de animais selvagens, com a previsão de se instituir uma lei até o fim do ano após a pandemia 10. Como a medida proíbe apenas o comércio de carnes, embora cerca de 19 mil criadouros já tenham sido fechados, o comércio de peles, couros e produtos medicinais continua normalmente 15.

 

Peles como as de raposa são ainda hoje vendidas em mercados, como estas na Armênia. Créditos: Georgy Dzyura

 

Muitos estudos ainda estão sendo realizados para se entender a origem e o surgimento do Sars-cov-2, o novo coronavírus causador da Covid-19. No momento, a hipótese mais aceita pelos cientistas é que o vírus tenha sido transmitido pelo morcego e pelo pangolim 15. Estudos realizados em morcegos demonstraram que o animal é o reservatório natural de um grande número de diferentes coronavírus, alguns deles compartilhando até 96% de seu material genético com o Sars-CoV-2 16. Quanto ao pangolim, suas escamas têm sido muito utilizadas na medicina tradicional chinesa, e a carne é considerada uma iguaria em muitos locais 17. Como vários vírus muito semelhantes ao Sars-CoV-2 já foram isolados no pangolim, acredita-se que ele possa ter sido um hospedeiro intermediário no ciclo inicial da doença 18.

Como o vírus foi descoberto recentemente, o ciclo epidemiológico não está totalmente esclarecido. Desse modo, ainda não se sabe como ele infectou inicialmente os seres humanos. Entretanto, estudos atuais indicam fortemente que o vírus pode ter chegado às pessoas por meio de morcegos, que carregam consigo coronavírus muito semelhantes ao SARS-CoV-2 há mais de 70 anos. O estudo sugere que os seres humanos possam ter sido infectados diretamente por meio dos morcegos, mas não descarta a hipótese dos pangolins como intermediários 19.

 

Saúde pública

A maioria das pandemias relatadas até o momento são consideradas de origem zoonótica 20. Um estudo feito na Malásia identificou 16 vírus zoonóticos em espécies da fauna silvestre comercializadas no país 21. O consumo de carnes oriundas da caça ainda é muito amplo em diversas partes do mundo, sendo que na África a indústria da caça fatura bilhões todos os anos, aumentando com isso o risco de exposição a patógenos. Como exemplo, temos a ocorrência do vírus ebola no continente africano (causado principalmente por retrovírus de primatas e morcegos como principal reservatório), que em 2014 a OMS caracterizou como uma epidemia com início em países da África e que posteriormente adquiriu “status de emergência de saúde pública de âmbito internacional” 22,23.

O surgimento ou a reemergência de zoonoses podem ser resultantes de três fatores: causas ambientais, modificação do agente infeccioso ou mudanças no hospedeiro. As causas ambientais podem ocorrer por meio de mudanças na ecologia, implantação de novas tecnologias, evolução no comportamento humano e/ou intensificação dos métodos agrícolas. Com relação ao agente infeccioso, as modificações ocorrem por mutação ou rearranjo de material genético com o objetivo de se adaptar melhor ao hospedeiro, causando alterações que afetem a suscetibilidade deste em um processo de infecção 24.

 

HIV 

Em 1989 se aventou pela primeira vez a origem zoonótica do HIV, posteriormente confirmada por meio de estirpes, de modo semelhante ao do vírus presente em primatas, encontrado em habitantes da África Ocidental. A história da introdução do vírus de símios em seres humanos se desenvolveu a partir de estudos filogenéticos envolvendo lentivírus humanos (HIV-1 e HIV-2) e retrovírus de primatas (simian immunodeficiency virus – SIV).

A origem da epidemia humana foi estruturada a partir de cinco linhas de evidências:
• as similaridades na organização do genoma dos HIVs e SIVs;
• as suas relações filogenéticas;
• a prevalência dos SIVs nos seus hospedeiros naturais;
• a coincidência geográfica entre os vírus;
• a existência de vias plausíveis de transmissão entre espécies 25.

A primeira origem zoonótica esclarecida foi a do HIV-2, com o isolamento do SIV de primatas da espécie Cercocebus atys 26. Na década de 1990 foi possível finalizar a identificação do retrovírus de chimpanzés-centrais (Pan troglodytes troglodytes), resolvendo a origem zoonótica do HIV-1, de forma que a teoria foi confirmada, pois a mesma estrutura genômica era compartilhada por ambos os vírus. Além disso, uma das principais questões foi que os hospedeiros do HIV-1 compartilhavam a mesma região geográfica (o oeste da África Equatorial), e a carne de chimpanzés era utilizada como alimento na região, o que evidenciava a oportunidade de infecção humana pelo SIV 25.

 

Sars 2002-2003

Em 2002 e 2003, concentrada na China e em Hong Kong, ocorreu a síndrome aguda respiratória grave (Sars), que provocou aproximadamente 800 óbitos. A Sars foi considerada a primeira pandemia do século XXI, e originou-se a partir do contato das pessoas com animais. O agente etiológico da Sars também era um coronavírus, o Sars-CoV. Os coronavírus são encontrados em diversas espécies de aves e mamíferos, e, assim como o vírus causador da Covid-19, o Sars-cov também apresentou similaridade genética a coronavírus encontrados em morcegos 27, o que demonstra que também teve origem zoonótica, devido ao contato com animais exóticos. Além disso, as evidências levam a comunidade científica a acreditar que as civetas podem ter sido reservatórios naturais ou possíveis amplificadores do vírus 28.

 

Morcegos são vendidos para consumo de sua carne em mercados como o de Tentena, em Sulawesi na Indonésia. Créditos: Elena Odareeva

 

Um estudo realizado em Guangzhou, na China, demonstrou que duas de quatro pessoas infectadas pelo Sars-cov na cidade foram uma garçonete de um restaurante que servia civetas-de-palmeira-asiática e um cliente do restaurante, e que os animais eram criados a poucos metros de distância do local onde eram servidos 29. Isso foi investigado posteriormente, e verificou-se que seis civetas que estavam sendo criadas pelo restaurante carreavam o vírus. Com base nessas evidências, acredita-se que o vírus foi transmitido de morcegos para civetas e chegou aos seres humanos por meio dos mercados de animais vivos 30. A partir do momento em que infectou os seres humanos, ele adquiriu rapidamente a habilidade de ser transmitido interpessoalmente 31.

 

Ebola

O vírus da família Filoviridae foi identificado pela primeira vez em seres humanos em 1976, com a ocorrência de dois surtos simultâneos, em Nzara, no Sudão, e outro em uma aldeia de Yambuku, na República Democrática do Congo, nas proximidades do rio Ebola, que originou o nome do vírus. Desde então têm ocorrido vários surtos dessa doença de curso agudo grave no continente africano, com uma letalidade que pode chegar até 90% 32.

A doença causada pelo vírus ebola é considerada uma zoonose cujo reservatório mais provável é o morcego. Dos cinco subtipos virais existentes, quatro ocorrem em um hospedeiro animal nativo da África. Acredita-se que a transmissão para seres humanos ocorreu a partir de contato com sangue, órgãos ou fluidos corporais de animais infectados, como chimpanzés, gorilas, morcegos gigantes, antílopes e porcos-espinhos 33. Atualmente, a República Democrática do Congo enfrenta a segunda maior epidemia da doença, com mais de 3.400 casos de infecção e mais de 2.200 óbitos registrados 34.

 

Outras situações

No Brasil, o consumo da carne do tatu é comum em algumas regiões. Essa prática constitui um risco à saúde pública, uma vez que o tatu é reservatório de uma série de doenças que podem ser transmitidas às pessoas, entre as quais a coccidioidomicose, a doença de Chagas, a leishmaniose, a hanseníase (também conhecida como lepra) e outras verminoses. Além dos seres humanos, os cães de caça também podem ser afetados por grande parte dessas doenças 35.

No ano de 2015, dezenas de pessoas contraíram a coccidioidomicose (uma micose pulmonar) ao tentar capturar um tatu. Três pessoas morreram, e duas foram parar na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) 35. A maioria dos casos da doença foram registrados na Região Nordeste do Brasil, pois o fungo se multiplica mais facilmente em regiões áridas. Em 2017, os estados mais atingidos foram Piauí, Ceará, Maranhão e Bahia, que registraram 185, 21, 8 e 2 casos, respectivamente 36. No Pará, pesquisadores detectaram a presença da Mycobacterium leprae, bactéria causadora da hanseníase, em 62% dos 16 tatus testados 37, demonstrando que o consumo da carne do animal e o hábito de caçá-lo representam risco à saúde pública.

O consumo da carne de javalis também já é associado a uma série de doenças, entre as quais tuberculose, brucelose, toxoplasmose, triquinelose, esparganose, hepatite E e várias endoparasitoses. No Canadá, relatou-se um surto de triquinelose decorrente do consumo de carne de javalis selvagens 38,39.

 

Risco de extinção

Uma ampla variedade de animais em sério risco de extinção são considerados iguarias em diferentes localidades, o que os torna vítimas frequentes dos caçadores, como é o caso do pangolim. O animal se encontra na lista vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), e todas as espécies existentes são consideradas vulneráveis, ameaçadas ou criticamente ameaçadas de extinção pela instituição 40.

Um estudo realizado com o objetivo de quantificar o impacto da caça nas populações animais demonstrou que as populações de aves e mamíferos tiveram um declínio médio de 58% e 83%, respectivamente, em áreas frequentadas por caçadores. Esses números são ainda mais altos em localidades próximas a cidades em que a carne oriunda desses animais pode ser comercializada 41. A ONU estima que o tráfico de espécies protegidas movimenta de 8 a 10 bilhões de dólares a cada ano, principalmente em países asiáticos como a China e o Vietnã 7.

 

Muitas espécies de peixes, entre elas de tubarões, encontram-se ameaçadas de extinção, em função da pesca predatória que abastece mercados em todo o mundo. Créditos: Stasis Photo

 

Considerações finais

Após a pandemia do covid-19, um apresentador da televisão chinesa publicou em sua página no Weibo (serviço de blog chinês) uma crítica que teve ampla repercussão, afirmando que “animais exóticos não curam ninguém de doenças, muito pelo contrário, adoecem você, seus amigos e sua família”. Na mesma rede, iniciou-se uma campanha para que o comércio de animais vivos fosse banido, em que as pessoas adicionavam #rejectgamemeat em suas postagens, o que pode ser traduzido como “diga não à carne de caça” 42.

A Wildife Conservation Society (WCS), uma organização não governamental (ONG) de Nova York, está fazendo uma campanha para que os mercados de animais vivos sejam fechados, por constituírem uma ameaça à saúde pública. O diretor-executivo da ONG, Christian Walzer, afirmou que esses mercados servem como laboratório de incubação de novos vírus 42. As carnes de animais exóticos não constituem um risco apenas na China, mas no mundo todo. Não há como garantir a segurança alimentar, pois a maioria dos produtos não é inspecionada por profissionais capacitados. Quando presentes, os serviços de regulamentação de carnes exóticas são menos exigentes.

A Organização das Nações Unidas (ONU) alerta que cerca de 70% das doenças infecciosas humanas das últimas décadas têm origem animal, o que significa que a cada quatro novas doenças que surgem, três são zoonóticas 30. Assim sendo, os especialistas afirmam que as próximas epidemias serão todas de origem zoonótica. A grande complexidade dessas doenças zoonóticas (principalmente as originárias de animais pertencentes à fauna silvestre) é que elas são muito mais difíceis de serem erradicadas do que uma doença que afeta apenas as pessoas – uma vez que é impossível, por exemplo, erradicá-las por meio de vacinação, como já se deu com algumas doenças exclusivamente humanas, a exemplo do sarampo e da poliomielite. Além disso, seria totalmente inviável e incogitável eliminar todo os possíveis hospedeiros 43.

Em 2015, a ONU reuniu uma série de cientistas e especialistas em saúde pública a fim de discutir patógenos emergentes e quais seriam possivelmente as doenças responsáveis pelas próximas epidemias globais. As seguintes doenças foram listadas: febre hemorrágica do Congo e da Crimeia, ebola, febre de Lassa, febre hemorrágica de Marburg, doenças causadas por coronavírus, febre Nipah e febre do vale do Rift 44. Todas elas são doenças de origem zoonótica, e na maioria delas os animais selvagens são reservatórios.

Uma vez que as duas pandemias do século XXI tiveram provável origem em mercados de animais exóticos vivos, é necessário que o funcionamento desses mercados seja proibido, e que os órgãos ambientais fiscalizem a prática de caça e a degradação de áreas protegidas por lei, já que o desequilíbrio ambiental também pode provocar o surgimento de novas doenças. Portanto, é necessário organizar diferentes planos de ação com medidas preventivas a fim de evitar as doenças de origem zoonótica, com ênfase nos patógenos divulgados pelos especialistas, que podem ser as futuras emergências em saúde. Além disso, é fundamental que os chefes de estado e as autoridades de saúde façam planejamento orçamentário e estrutural para futuras epidemias e pandemias.

 

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