A fome cinzenta em decorrência dos incêndios florestais nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul no ano de 2020
As experiências vividas em campo pelas equipes veterinárias
Os incêndios florestais são definidos como todo fogo descontrolado que age sobre qualquer tipo de vegetação em qualquer tipo de bioma, causando destruição total ou parcial da flora local. Suas causas são diversas, podendo ser atribuídas a fatores naturais ou a acidentes, mas também estão predominantemente ligadas a intenção e negligência humanas. Vale lembrar que o poder de calor liberado em um incêndio florestal é muito alto, devido à ampla disponibilidade de combustível no ambiente, que, quando auxiliada por elementos meteorológicos como o vento, por exemplo, acaba por intensificar ainda mais a rápida e extensa propagação do fogo 1,2.
No ano de 2020, segundo levantamento de organizações internacionais, em algumas regiões da Austrália, da Sibéria, dos Estados Unidos e do Brasil ocorreram os maiores incêndios florestais com o maior impacto global já observados em quase 20 anos de monitoramento. Em nosso país, diferentes localidades foram afetadas, destacando-se os estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, detentores de algumas das maiores áreas de biodiversidade do planeta, que se estendem por mais dois países da América do Sul, o Paraguai e a Bolívia 3.
Em Mato Grosso (MT) a devastação ocorreu nos arredores e margens da Rodovia MT-060, mais conhecida como Transpantaneira, que tem 150 quilômetros de extensão, ligando o município de Poconé a Porto Jofre. Dentre tudo o que foi destruído, ressalta-se a situação calamitosa que sofreu o Parque Estadual Encontro das Águas (Peea), conhecido por ser o maior refúgio do mundo de onças-pintadas, que teve mais de 85% de seu terreno queimado, gerando grande comprometimento da cobertura vegetal local 4.
No estado de Mato Grosso do Sul (MS), o fogo se espalhou por diversos municípios, dentre os quais, de forma mais contundente, Corumbá e Ladário. Nessas duas cidades as chamas chegaram perto dos centros urbanos, porém foram controladas, sendo os pontos mais críticos as áreas rurais e mais afastadas. Concomitantemente, no Parque Estadual das Nascentes do Rio Taquari (Pent), localizado entre os municípios de Costa Rica e Alcinópolis, o fogo dizimou cerca de 40 mil hectares do terreno, o que equivale aproximadamente a 80% de comprometimento da vegetação situada nessa área de conservação. O Pent faz divisa com os estados de Mato Grosso e Goiás, marcando o início do Pantanal no MS, sendo também uma das reservas mais importantes do bioma Cerrado no Brasil, além de ter inúmeras nascentes, indispensáveis para a manutenção da biosfera regional 5.
A fome cinzenta
Quando uma grande área ambiental é devastada pelo fogo, um imensurável impacto negativo acomete a fauna e a flora do bioma afetado. Sabe-se que a queimada, ao encontrar condições ideais nesses ambientes, torna-se rápida, intensa e agressiva, vitimando um grande número de animais. Apesar de parte deles conseguir fugir (com ou sem ferimentos), outros não têm a mesma sorte, tendo a vida ceifada em decorrência de comprometimentos como a asfixia, devido à intensa fumaça, ou por conta de lesões agudas e graves nas vias respiratórias, originadas pelo calor inalado e até mesmo por terem tido um grande percentual do corpo queimado pelas chamas 6,7,8,9.
No entanto, uma grande e complexa problemática envolve principalmente os sobreviventes. Muitos animais, ao se depararem com o fogo, movidos pelo instinto óbvio de sobrevivência, fogem e são forçados a se deslocar para novos e distantes territórios. Em todo esse contexto, podemos afirmar que esses indivíduos, além do estresse psicológico, desenvolvem um grande desgaste físico, consumindo grande parte das reservas hídrica, eletrolítica, vitamínica e mineral, e permanecendo nessas condições por tempo indeterminado 9,10.
Vale ressaltar que uma queimada que tenha destruído toda a vegetação de uma determinada localidade forma e acumula uma quantidade imensurável de cinzas, constituídas de resíduos não aquosos oriundos do resultado final da combustão de qualquer material inflamável (no caso em questão, a flora). Sendo assim, por estarmos falando de um ecossistema composto por animais que englobam uma ampla e diversificada cadeia alimentar, o impacto devastador sobre os elementos vegetais interfere diretamente na disponibilidade e na oferta de alimento para determinadas espécies, culminando em desequilíbrio e desordem da fauna, que se manifesta em curto, médio e longo prazo. Um exemplo simples e prático (dentre vários outros que poderiam ser citados) é o de um animal herbívoro que depende de forragens e/ou frutos para se alimentar, mas não encontra o que comer e beber, por atualmente em seu habitat só haver cinzas, em decorrência das queimadas. Com o passar dos dias, esse indivíduo tende a ficar cada vez mais debilitado, sendo um grande candidato a óbito, reduzindo assim a demanda para seu principal predador. Consequentemente, como isso acontece com grande quantidade de animais, seu predador também ficará debilitado, podendo também padecer, fazendo com que de modo cíclico e exponencial esse fenômeno fique cada vez mais intenso, abrangente e trágico 11.
Portanto, podemos definir a fome cinzenta como a falta de recursos alimentares e hídricos apropriados ao consumo dos animais, que ocorre em determinado habitat devido ao acúmulo de grande quantidade de cinzas, em consequência de um incêndio florestal de grandes proporções, com intensa destruição de vegetação 12 (Figura 1).
Além disso, leitos d’água, açudes, lagos, represas e rios, assim como todas as espécies que ali habitam, também sofrem por conta das cinzas, que são carregadas pelo vento, mas principalmente pelas chuvas, permanecendo acumuladas nos pontos usualmente utilizados pelos animais como fonte de hidratação. Tal situação é conhecida como decoada e pode aumentar significativamente as taxas de óbito de animais aquáticos, devido ao acúmulo excessivo de matéria orgânica na água, que provoca a diminuição drástica dos níveis de oxigênio dissolvido, bem como do pH 12,13.
Quando esse fenômeno ocorre nos mais variados biomas de nosso país, o que se vê é uma realidade dura e assustadora. A dificuldade extrema na busca de água e comida faz com que os animais sejam levados ao limite de suas condições físicas e psicológicas, culminando em indivíduos desorientados, desnutridos, caquéticos (por conta do catabolismo proteico), hipoglicêmicos, severamente desidratados e por vezes com graves ferimentos, o que caracteriza o período da fome cinzenta 9,10,12,13.
O assistencialismo
Esse tipo de ação visa estabelecer temporariamente o fornecimento de alimentos e água a animais de uma determinada região afetada pelo fogo, com distribuição em pontos previamente determinados, de maneira estratégica, para que se obtenham resultados realmente eficazes. É uma ferramenta indispensável, que garante a nutrição de espécies que buscam acirradamente alimentos nesses locais, uma vez que a disponibilidade de recursos alimentares é escassa ou nula. Sendo assim, o assistencialismo se mostra indispensável para que, em um primeiro momento, as espécies que compõem a base da cadeia alimentar sejam preservadas, e, consequentemente, seus predadores e todo o resto da cadeia não sofram com a falta de alimento.
Usualmente é fornecida uma grande variedade de alimentos, para que dessa forma o maior número de espécies possa se beneficiar. Basicamente, a dieta e o manejo nutricional contam com diferentes tipos de frutas, legumes, verduras e até mesmo grãos, em determinados casos.
O planejamento para que se instalem diferentes pontos de distribuição deve se basear no monitoramento da fauna, por meio da visualização de animais em tempo real ou por meio de câmeras, bem como dos vestígios – rastros, pegadas, fezes e restos de alimentos –, permitindo dessa maneira o mapeamento das atividades dessas espécies 14.
É importante ressaltar a diferença entre assistencialismo e o ato de cevar animais. Por mais que ambos disponibilizem alimentos para os animais, a finalidade técnica é totalmente diferente. O ato de cevar, aplicado ao resgate técnico, visa capturar determinadas espécies (silvestres e/ou domésticos) que não permitem uma abordagem de aproximação e se encontram em condição desfavorável, necessitando de assistência profissional. Consiste em atrair o animal para determinado local ou armadilha por meio da oferta de alimento, diminuindo seu estresse durante a captura, de modo a garantir sua segurança e a da equipe, para que, uma vez contido, se possam executar os procedimentos necessários. Já o assistencialismo tem por objetivo atender a um grande número de animais por meio da distribuição de alimento e água em um período crítico, objetivando minimizar os efeitos da desidratação e da desnutrição e aumentando assim suas taxas de sobrevivência 14.
Esse procedimento não somente beneficia a fauna como também auxilia a reconstrução e a preservação do bioma afetado, uma vez que, ao se alimentarem, os animais dispersam as sementes ao longo de todo o terreno, colaborando dessa maneira para o reflorestamento natural da região 14,15.
Relato dos trabalhos
Compartilhamos neste texto o trabalho realizado pelas equipes do Grupo de Resgate de Animais em Desastres (Grad Brasil), do Grupo de Resgate Técnico de Animais do Pantanal (Gretap/MS), da equipe Resgate Animal UniBH nas ações de assistencialismo, suporte e resgate técnico de animais nos estados de MT e MS, durante os incêndios que assolaram essas regiões no ano de 2020. Retratamos aqui as experiências, os desafios e os resultados obtidos a partir dessas ações.
Inicialmente houve uma divisão em duas equipes (Equipe I e II), de modo que cada uma pudesse atender às necessidades de cada estado. As primeiras ações foram mobilizadas para a demanda de maior expressão naquele momento, fazendo com que houvesse o deslocamento da Equipe I para a região da Rodovia Transpantaneira, no MT, e reforçando o efetivo de apoio aos animais com outras entidades no local. Posteriormente, a Equipe II foi destinada ao Pent, no estado do MS, para unir esforços com outras equipes que já atuavam no local havia alguns dias.
Vale lembrar que, apesar de operações distintas, ambas seguiram a mesma dinâmica estrutural, e a partir disso criaram suas próprias vertentes, baseadas na demanda e na realidade de cada local. Sendo assim, a primeira medida adotada pelas duas equipes foi apresentar-se ao Corpo de Bombeiros Militar Estadual (responsável pelo comando, coordenação e gestão das ações no incidente), sendo inseridas dessa maneira no Sistema de Comando de Incidentes (SCI) e permanecendo à disposição das autoridades locais.
Ações de Mato Grosso
A Operação Pantanal/MT (como foi denominada a ação nesse estado) teve duração exata de 43 dias, contando com 14 integrantes do Grad Brasil. O efetivo foi composto por médicos-veterinários, auxiliares veterinários, acadêmicos de medicina veterinária, biólogos, bombeiros civis e auxiliares de campo (Figura 2).
Essa operação passou por inúmeras adversidades, proporcionadas por fatores como a extensa área a explorar, a falta de familiarização da equipe com o terreno e com as características do bioma pantaneiro, o déficit de comunicação em decorrência de sinal precário ou inexistente, o clima seco e a temperatura extremamente elevada, além da intensa fumaça que diuturnamente permanecia no local.
Durante todo esse período de operação na Transpantaneira, uma das principais dificuldades foi a extensão da rodovia e, consequentemente, toda a logística envolvida no deslocamento de profissionais, na distribuição de água e alimentos para os animais e no transporte de medicamentos e materiais variados, assim como na condução de animais resgatados. Para isso, um dos primeiros protocolos adotados foi o mapeamento por georreferenciamento de todas as atividades desempenhadas no dia pelas equipes de campo. Foram providenciados dois veículos, que juntos totalizaram 30.000 m rodados durante todo o período de atuação. Por vezes, durante o trajeto ao longo da rodovia, a passagem era impossibilitada por conta de pontes danificadas, exigindo da equipe o reparo dessas estruturas para viabilizar a passagem de veículos no local (Figura 3).
As demandas não se limitaram às margens da estrada, mas estenderam-se à necessidade de assistencialismo, monitoramento e resgate dos animais ao longo do rio São Lourenço e do rio Cuiabá, sendo percorridos de barco nessa ação 1.215 m (Figura 4).
Entretanto, mesmo com a ampla difusão dos profissionais pelo terreno, tanto por terra quanto por água, alguns pontos de difícil acesso ainda não haviam sido explorados. Para viabilizar esse acesso utilizaram-se seis aeronaves, entre aviões e helicópteros, que trabalharam no apoio logístico e também permitiram o acesso a áreas antes isoladas. Nesse momento, o apoio de helicópteros da Marinha do Brasil foi imprescindível para a execução das missões (Figuras 5 e 6).
Dados | Descrição |
Período de atuação | 43 dias |
Integrantes | 14 (médicos-veterinários; auxiliares veterinários; biólogos; bombeiros civis; auxiliares de campo; acadêmicos de medicina veterinária) |
Distância percorrida de carro (2 veículos) | 30.000 km rodados |
Distância percorrida de barco | 1.215 km navegados |
Número de espécies assistidas | 40 espécies de aves, mamíferos e répteis |
Procedimentos com os animais | Resgate técnico; realocação; assistencialismo; tratamento clínico e cirúrgico |
Alimentos distribuídos | Frutas, legumes, ovos, ração |
Quantidade de alimentos distribuídos | 20 toneladas (Rodovia Transpantaneira; rio São Lourenço) |
Quantidade de água abastecida em pontos artificiais | 86.000 litros de água |
Quantidade de água abastecida em corixos | 50.000 litros de água |
Pontos de monitoramento | 12 pontos |
Aeronaves que apoiaram a ação | 6 aeronaves (aviões e helicópteros) |
Reparo e manutenção de pontes | 3 pontes |
Figura 5 – Dados finais obtidos ao longo da Operação Pantanal/MT realizada na Rodovia Transpantaneira no estado de Mato Grosso. Fonte: Grad Brasil, 2020
As ações assistiram mais de quarenta espécies, entre aves, répteis e mamíferos, englobando ações de distribuição de água e comida em locais predeterminados (assistencialismo) e realocação e resgate de animais, além de atendimento clínico e cirúrgico. Contabilizaram-se ao todo 58 ações, entre resgate técnico e atendimento clinicocirúrgico, às mais variadas espécies. Grande parte dos animais resgatados receberam cuidados em campo, com subsequente encaminhamento para realocação de habitat. Os casos mais críticos e específicos demandaram o encaminhamento para um setor responsável pelo acolhimento desses animais junto ao Posto de Comando. Dentre todas as atividades desempenhadas, o assistencialismo se tornou uma peça-chave na preservação da vida das vítimas da fome cinzenta. Baseados na análise do monitoramento de fauna, tanto pela observação direta (visualização de animais, rastros, pegadas e fezes) quanto por meio de câmeras trap, fosse na rodovia ou ao longo dos rios, foram instalados estrategicamente pontos de fornecimento de água e comida para os necessitados. A preocupação em relação à hidratação dos animais, assim como à preservação do habitat de espécies aquáticas, levou o grupo a traçar rapidamente um planejamento para o abastecimento em pontos críticos, fazendo a distribuição de 136 mil litros de água em bebedouros artificiais e corixos 16. Já a dieta foi adaptada à realidade do desastre, porém estabelecida com base nos hábitos alimentares de cada grupo animal. O corpo técnico formado por médicos-veterinários e biólogos foi responsável pela elaboração do manejo nutricional, distribuindo ao longo de toda a operação 20 toneladas de frutas, legumes, ovos e ração (Figuras 7 a 10).
Além de todo o trabalho envolvendo a fauna silvestre, a população ribeirinha também foi assistida, recebendo ajuda humanitária por meio de alimentos, água, combustível e produtos de higiene pessoal, além dos cuidados básicos e profiláticos oferecidos aos seus animais domésticos, como cães e gatos.
Ações de Mato Grosso do Sul
Nesse estado a operação ganhou o nome de Operação Pent, fazendo menção à localidade na qual os trabalhos foram realizados durante 10 dias. As ações se concentraram no Parque Estadual das Nascentes do Rio Taquari (Pent), em virtude da ocorrência de um dos maiores incêndios já registrados desde sua criação. A segunda equipe do Grad Brasil, composta por dois médicos-veterinários e um acadêmico de medicina veterinária, trabalhou em conjunto com outros dois grupos, o Gretap/MS e o Resgate Animal UniBH. Participaram também entidades do próprio estado, como o Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV-MS) e o Instituto do Meio Ambiente de MS (Imasul). Voluntários locais também auxiliaram as ações, sendo fundamentais para as questões de logística, reconhecimento de área e mapeamento. Ao todo, 31 pessoas estiveram envolvidas nessa operação (Figura 11).
Quase todos os desafios encontrados pelas equipes do Grad Brasil no estado de Mato Grosso também foram enfrentados pelas equipes que atuaram na operação no MS, exceto pelo fato de que no Pent a atuação foi exclusiva em bioma de Cerrado, e inúmeras vezes o fogo se concentrava nos cânions (muito comuns na região), gerando extrema dificuldade para as equipes acessarem essas áreas por vias comuns.
A chegada do efetivo ao estado de Mato Grosso do Sul se deu no dia 24 de setembro de 2020, na cidade de Campo Grande. Todas as equipes se reuniram na sede do CRMV-MS para o alinhamento dos últimos detalhes e para o carregamento de materiais e medicamentos provenientes de doação. O comboio com cinco veículos (quatro caminhonetes e uma van) seguiu em deslocamento até a Base do Cuitelo, onde se instalou o Posto de Comando Veterinário (Figura 12).
Os trabalhos na zona do acidente se iniciaram no dia 25 de setembro de 2020, logo nas primeiras horas da manhã, quando se montou o Posto Médico-Veterinário Avançado (PMVA), que incluía estrutura básica de internação e farmácia. Além disso, parte do efetivo foi dividido para as atividades de campo, estabelecendo-se quatro equipes: Alfa, Bravo, Charlie e Delta. Essas equipes trabalharam em sistema de rondas divididas por turnos. Alfa e Bravo compuseram as rondas diurnas, iniciando as atividades às 7h, com previsão de retorno para 13h; já Charlie e Delta ficaram a cargo das rondas noturnas, com início às 17h e retorno previsto para 23h. Antes da saída das equipes, o planejamento e os objetivos do dia eram discutidos e posteriormente se passavam as missões aos responsáveis. Todas as rondas eram feitas com auxílio de veículos e, quando necessário, com incursões a pé mata adentro (Figuras 13 e 14).
Todas as atividades do trabalho de campo foram mapeadas por georreferenciamento, dividindo-se as demandas por prioridades: suporte clínico básico em campo; resgate técnico; transporte para o PMVA em caso de necessidade de cuidados clínicos avançados; realocação de diferentes espécies para novos habitats; monitoramento de fauna; e assistencialismo. O monitoramento de fauna foi estabelecido por meio visual, tanto pela identificação de animais como por elementos que indicassem seus rastros. Simultaneamente instalaram-se câmeras trap em diversos pontos estratégicos, que proporcionaram informações mais precisas a respeito das condições dos animais e de suas atividades nas diferentes regiões do parque (Figura 15).
Já o assistencialismo se concentrou exclusivamente na distribuição de alimentos (frutas, legumes, verduras, ovos, milho e farelo de milho, entre outros) em pontos onde a atividade dos grupos de animais era maior. A distribuição de água não se mostrou necessária nessa operação, uma vez que, no parque, inúmeras fontes naturais abundantes de água estavam preservadas, o que foi confirmado por meio das câmeras e de rastros que os animais deixavam constantemente nessas regiões. Além disso, dentro do Pent, muitas propriedades rurais mantinham seus bebedouros artificiais repletos, que serviam como fonte alternativa de hidratação para algumas espécies (Figuras 16 a 18).
Durante todo o período de trabalho no parque, foram assistidas diversas espécies de animais silvestres (mamíferos, aves e répteis). Diversos animais apresentaram ferimentos leves e foi possível atendê-los e monitorá-los em seu próprio habitat. Também houve casos de assistência a animais domésticos de grande porte, como bovinos, equinos e muares (Figura 19).
Animal | Diagnóstico | Procedimentos |
Calango (Tropidurus oreadicus) | Prostração, letargia e desidratação | Animal foi resgatado em campo e encaminhado ao PMVA, onde recebeu hidratação e alimentação enteral, e após 24 horas de observação, com a melhora clínica, foi liberado |
Ema (Rhea americana) | Claudicação do membro direito | Observação e avaliação clínica no local; animal permaneceu em seu habitat |
Tatupeba (Euphractus sexcinctus) fêmea | Animal desorientado em área atingida pelo fogo, com sinais de desidratação | Atendimento clínico com hidratação enteral e assistencialismo |
Tatupeba (Euphractus sexcinctus) macho | Animal encontrado em campo, atropelado, com lesão em carapaça | Tratamento emergencial intensivo no PMVA. Após 72 horas, recebeu alta |
Cervo-do-pantanal (Blastocerus dichotomus) macho jovem | Animal encaminhado por moradores locais após ser atropelado, apresentando múltiplas lesões | Tratamento intensivo para estabilização e posterior remoção via helicóptero para PMVA. Evoluiu para óbito. Necrópsia realizada |
Muar idoso | Caquexia, apatia, desidratação, locomoção dificultosa | Animal medicado no local, assistencialismo e monitoração periódicas por uma semana até a melhora do quadro |
Vaca de 2 anos | Avulsão de casco do membro pélvico esquerdo | Animal medicado e curativo realizado na propriedade; não houve autorização por parte do proprietário para realização de eutanásia e nem para encaminhamento do animal ao PMVA; o proprietário se responsabilizou por dar continuidade ao tratamento |
Vaca de 6 meses | Claudicação de membro pélvico direito com lesão na região do tarso e sinais de desidratação e caquexia | O curativo foi realizado, e o animal medicado foi conduzido para a fazenda a que pertencia, uma vez que, fugindo do fogo, penetrou em pastos vizinhos |
Vaca de 8 meses | Claudicação do membro pélvico esquerdo, com fístula oriunda da articulação femorotibiopatelar, sugestiva de artrite séptica | Animal medicado permaneceu no local por decisão do proprietário, que se responsabilizou pela realização do tratamento indicado |
Boi de 1 ano | Claudicação do membro pélvico direito, com aumento de volume na articulação femorotibiopatelar, sugerindo artrite sem origem infecciosa | Animal medicado permaneceu no local por decisão do proprietário, que se responsabilizou pela realização do tratamento indicado |
Figura 19 – Procedimentos realizados nos animais atendidos durante a Operação Pent no estado de Mato Grosso do Sul. Fonte: Gretap/MS, Grad Brasil, Resgate Animal UniBH, 2020
Serão descritos a seguir alguns dos casos mais relevantes atendidos pelas equipes.
Os atendimentos aos bovinos apresentaram características semelhantes, pois todos manifestavam intenso grau de claudicação em pelo menos um dos membros pélvicos. Em cada um dos animais foi possível identificar diferentes tipos de lesões, como lacerações profundas, avulsão de casco, aumento de volume articular ou até mesmo fístulas articulares com secreção purulenta, sugestivas de artrite séptica (Figura 20).
Um caso que chamou a atenção das equipes foi a descoberta da carcaça de um equino jovem (de aproximadamente 2 anos, estimados pela arcada dentária) encontrado preso pelo membro pélvico a uma cerca de arame liso, carbonizado, em um pasto que havia sido recentemente destruído pelo fogo (Figura 21).
Com base nas informações coletadas com proprietários e moradores do local, assim como pela avaliação clínica das lesões dos bovinos e também pela condição na qual foi identificado o cadáver do equino preso ao arame, presumiu-se que todos esses animais se lesionaram durante a fuga para escapar das chamas.
Destacaram-se dois casos de pacientes atendidos no PMVA com demanda clínica não correlacionada diretamente ao fogo. Três animais silvestres, um tatupeba (Euphractus sexcinctus), uma ema (Rhea americana) e um cervo-do-pantanal (Blastocerus dichotomus), foram atropelados ao tentarem fugir do fogo (Figuras 22 a 24).
O primeiro, que sofreu uma lesão superficial na região da carapaça, próximo à porção superior do membro torácico direito, apresentava sinais de dor e leve grau de desidratação, porém sem maiores alterações clínicas. Recebeu medicação analgésica, anti-inflamatória, bem como antibioticoterapia e fluidoterapia, seguida de curativo local. Foi observado por 72 horas, sendo posteriormente liberado na natureza, dada sua evolução clínica satisfatória. A ema encontrada próximo à área recém-queimada apresentava múltiplas lesões e evoluiu a óbito, tendo sido encaminhada para necrópsia. Já o cervo-do-pantanal foi admitido com grave traumatismo cranioencefálico (TCE), manifestando importante comprometimento neurológico, além de severas alterações sistêmicas. Recebeu tratamento emergencial e cuidados intensivos por aproximadamente quatro horas, mas por fim evoluiu a óbito, devido à complexidade do quadro. Além das expressivas alterações em sistema nervoso central em virtude do TCE, a necrópsia constatou lesões graves em tórax e abdômen, com comprometimento de múltiplos órgãos e intensa hemorragia em ambas as cavidades.
Um calango (Tropidurus oreadicus) foi resgatado com desidratação severa e dispneia mas também evoluiu a óbito instantes após o resgate e passou por necrópsia. Além dessa, outras necrópsias foram realizadas para obter mais informações e ampliar os conhecimentos a respeito dos incidentes. Entre esses animais destacamos uma anta (Tapirus terrestris) fêmea; um tatu-galinha (Dasypus novemcinctus); um tatupeba (Euphractus
sexcinctus) e um sapo-comum (Bufo bufo). Diversas carcaças de animais carbonizados foram encontradas, porém não apresentavam condições para a realização do exame necroscópico devido ao alto grau de deterioração orgânica.
Durante a evolução das operações, as equipes puderam observar que um grande número de animais silvestres se deslocou em segurança para áreas não atingidas, através de corredores ecológicos naturais formados entre os cânions do parque. Isso foi confirmado pelos dados obtidos por terra, mas principalmente por conta do sobrevoo realizado pelos comandantes interinos da operação e representantes de entidades estaduais, com apoio de um helicóptero da Força Aérea Brasileira que identificou e mapeou essas rotas de fuga (Figura 25).
Quantidade de animais monitorados e beneficiados pelo assistencialismo durante as ações em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul
A contabilização precisa ou pressuposta de animais monitorados e mesmo daqueles que foram beneficiados pelas ações de assistencialismo é extremamente desafiadora. Existem métodos estatísticos que podem ser aplicados para tal finalidade, estabelecendo dessa maneira dados estimados. No entanto, a extensão territorial, as características dos biomas, a grande variedade de animais, a proporção da devastação e os impactos negativos na fauna e na flora demandaram, por parte das equipes veterinárias e dos colaboradores, ações altamente complexas e que nunca haviam sido executadas em nosso país. A diversidade de espécies em ambientes como o Pantanal e o Cerrado sul mato-grossense é imensa, fazendo com que o acompanhamento quantitativo preciso de todas as aves, répteis e pequenos roedores seja praticamente impossível. A mesma realidade se aplica aos animais que vivem em bandos, que por muitas vezes, mesmo que visualizados presencialmente ou por câmeras, por conta de seu comportamento de vida livre, se dispersam ou se escondem em meio à mata, dificultando a contagem de seus integrantes. Um outro fator que deve ser destacado é que muitos indivíduos da mesma espécie têm características físicas similares, o que pode induzir o examinador a superestimar a quantidade de animais. Sendo assim, com base em tudo o que foi vivido ao longo das atuações, é necessário que se desenvolvam estudos que facilitem e tornem mais precisos os métodos de contagem de fauna, além de estabelecer padrões estatísticos apropriados para essas situações, para que dessa maneira se obtenham dados acurados condizentes com a realidade.
No entanto, por mais que a determinação quantitativa seja difícil de se estabelecer, podemos afirmar que tanto as ações de Mato Grosso quanto as de Mato Grosso do Sul beneficiaram milhares de animais. Isso foi possível devido principalmente à análise periódica das atividades de diferentes grupos animais, que identificou e mensurou de maneira favorável o consumo de alimento e água em diferentes pontos de assistencialismo, visualizou a presença maciça e constante de vestígios de diferentes espécies em áreas onde a flora iniciava sua recuperação e observou animais em aparentes condições clínicas normais, expressando seu comportamento natural de vida livre.
Encerramento das operações em MT e MS
Após o encerramento das operações em ambos os estados, foi realizada uma reunião virtual entre todos os integrantes, para que se apresentasse o trabalho desempenhado nas diferentes regiões por cada grupo, fomentando a discussão com detalhes de todas as etapas. Estabeleceram-se os pontos positivos e negativos das mais variadas vertentes, o que foi de grande auxílio para o grupo em termos de autoconhecimento, amadurecimento, aprendizado e evolução nessas situações ou em outras similares que possam vir a acontecer no futuro.
Considerações finais
Em vista das proporções que o desastre em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul alcançou, o número de animais que foram resgatados e receberam atendimento clínico pode ser considerado baixo e estatisticamente irrelevante. No entanto, pode-se afirmar que a assistência veterinária foi fundamental para garantir o bem-estar e a sobrevida de animais que se encontravam em situação de extrema necessidade, fazendo com que essas intervenções se tornassem indispensáveis à vida de cada um deles.
A análise quantitativa e qualitativa do assistencialismo garantiu benefícios fundamentais, uma vez que, por meio dele, os biomas do Pantanal e do Cerrado sul-matogrossense vêm demonstrando uma recuperação expressiva.
O principal desafio enfrentado em ambas as operações foi a questão logística. Além da umidade e da temperatura extremamente desfavoráveis, e também da fumaça que castigou todos a todo momento, a extensão territorial e as particularidades geográficas desses biomas dificultaram o acesso e a comunicação entre as equipes. Dessa maneira, consideramos que o profissional que se propõe a trabalhar em um cenário com essas condições deve ter bom preparo psicológico, físico e técnico para que, mesmo diante do caos, possa desempenhar suas atividades com alto padrão de competência. Além disso, é de suma importância que as equipes veterinárias que atuam no segmento de desastres e catástrofes periodicamente realizem capacitações para tal, de modo a estarem cada vez mais bem preparadas para fornecer uma pronta resposta de qualidade e com segurança.
Por fim, devemos considerar que os governos municipais, estaduais e federal devem assumir de maneira rápida e efetiva seu real papel na preservação da fauna e da flora para minimizar os efeitos devastadores de desastres e catástrofes nos mais variados cantos do Brasil. O auxílio dessas entidades oficiais torna-se uma ferramenta indispensável em prol da preservação de biomas e consequentemente da vida animal e humana no território nacional.
Agradecimentos
Aos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul e a todos os seus habitantes pela recepção hospitaleira e por nos permitir unir esforços em prol dos animais.
A todos os profissionais e voluntários que trabalharam incansavelmente lado a lado no combate às chamas e no suporte aos animais, mostrando que juntos somos mais fortes.
No estado de Mato Grosso, os agradecimentos se estendem a: Secretaria do Meio Ambiente (Sema), Ampara Silvestre, Corpo de Bombeiros Militar do Mato Grosso, Marinha do Brasil, Posto de Atendimento Emergencial de Animais Silvestres (Paeas), Pousada Jaguar Camp, ONG Panthera e ONG É o Bicho.
Em Mato Grosso do Sul, agradecemos a: Conselho Regional de Medicina Veterinária local, Instituto do Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul), Grupo de Resgate Técnico de Animais do Pantanal (Gretap/MS), Universidade Católica Dom Bosco (UCDB) e seu Biotério, Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (Cras/MS), direção do Parque Estadual das Nascentes do Rio Taquari (Pent), ONG Ajude um Focinho, da cidade de Costa Rica, MS, prefeituras e secretarias do Meio Ambiente das cidades de Costa Rica e Alcinópolis, Instituto Homem Pantaneiro (IHP), Força Aérea Brasileira (FAB), Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Mato Grosso do Sul, Corpo de Bombeiros Militar do Paraná e Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar de Mato Grosso do Sul (Semagro).
Referências
01-CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS. Manual operacional de bombeiros: prevenção e combate a incêndios florestais. Goiânia: Secretaria Geral do CMBGO, 2017. 260 p.
02-CORPO DE BOMBEIROS DA POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO. Manual de combate a incêndios florestais. 1. ed. São Paulo: CBMESP, 2006. 38 p.
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